Taxas de juros futuras curtas fecham em leve baixa em dia de alívio com Fed
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Após seis sessões em alta, as taxas dos DIs passaram por certo alívio nesta quinta-feira e encerraram o dia com leve baixa na ponta curta, na esteira da ligeira queda vista também na curva de juros norte-americana, após a divulgação de números mais fracos que o esperado do mercado de trabalho dos EUA.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 9,95%, ante 9,961% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,945%, ante 9,974% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,26%, ante 10,278%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,6%, ante 10,607%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,12%, ante 11,114%.
Desde a tarde de quarta-feira já havia no mercado de juros uma percepção mais positiva em relação à política monetária dos EUA, após o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmar durante evento que há riscos de se cortar os juros muito cedo, mas também de se esperar demais.
As palavras de Powell, na visão do mercado, não justificaram uma intensificação das apostas de que o Fed começará a cortar juros em julho, e não em junho.
Nesta quinta-feira, dados do mercado de trabalho dos EUA contribuíram para minimizar ainda mais a pressão. O Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 9.000 na semana encerrada em 30 de março, para 221.000 em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 214.000 pedidos na última semana.
Ao mesmo tempo, os anúncios de demissões nos EUA aumentaram 7% em março, atingindo o maior patamar desde janeiro de 2023, liderados por cortes no setor de tecnologia e no governo, disse a empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas.
Os números favoreceram a leitura de que o Fed poderá cortar os juros este ano, como inclusive não foi descartado por Powell. Em reação, os rendimentos dos Treasuries caíram e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) acompanharam. No melhor momento do dia, às 11h08, a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcou 10,220% (queda de cerca de 6 pontos-base ante o ajuste anterior).
Durante a tarde, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global de investimentos -- se reaproximou da estabilidade e chegou a subir em alguns momentos, o que também reduziu o ímpeto de baixa das taxas dos DIs.
Ainda assim, as taxas na ponta curta encerraram a sessão no território negativo no Brasil, com investidores à espera da próxima bateria de números, na sexta-feira -- destaque para a divulgação do relatório norte-americano de empregos “payroll”, que dará mais subsídios para as apostas sobre o futuro da política monetária nos EUA e no Brasil.
Na ponta longa, as taxas ficaram muito próximas da estabilidade, com leve viés positivo.
Perto do fechamento, a curva a termo brasileira precificava 84% de chances de o corte da taxa básica Selic em maio ser de 50 pontos-base, como vem sinalizando o Banco Central. As apostas em corte de apenas 25 pontos-base estão em 16%. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.
Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 4 pontos base, a 4,311%.