Campos Neto diz que visibilidade para Copom de junho não é clara e ressalta que BC não está dividido

Publicado em 28/03/2024 12:19

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira que a diretoria da autoridade monetária não está dividida, a despeito de diferenças de posições observadas em temas específicos, enfatizando que as decisões de política monetária em si foram tomadas de forma unânime.

Em entrevista sobre o relatório de inflação, Campos Neto disse que o BC optou por indicar a intensidade do corte na taxa básica de juros apenas para a reunião de maio do Comitê de Política Monetária porque o cenário não está claro para prazos mais longos.

"Exatamente por isso a gente retirou o 'forward guidance', porque não temos uma visibilidade tão clara. Quando a gente não tem uma visibilidade tão clara, entende-se que fica um pouco dependente do cenário daqui até lá", afirmou.

Em reunião na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, e encurtou sua indicação sobre cortes futuros ao citar uma ampliação de incertezas, afirmando que sua diretoria antevê corte na mesma intensidade apenas na próxima reunião.

Na ata da reunião, a autarquia disse que alguns de seus diretores avaliam que pode ser necessária uma redução no ritmo de cortes dos juros básicos caso as incertezas se mantenham elevadas à frente.

Na entrevista, Campos Neto disse que não existe debate em que todos os membros do BC tenham a mesma posição sobre todos os temas.

Ao comentar a comunicação de que “alguns membros” do Copom veem uma possível desaceleração de cortes na Selic à frente, ele afirmou que há incerteza maior sobre alguns temas debatidos, tanto no cenário internacional como no doméstico.

Segundo Campos Neto, ao falar em “alguns membros”, o BC se refere a dois ou mais componentes de sua diretoria.

Ele ressaltou que a comunicação do encontro deu um pouco mais de ênfase aos riscos inflacionários para mostrar a visão da autoridade monetária.

O presidente do BC afirmou entender que a inflação de alimentos tende a cair nos próximos meses.

Campos Neto disse, ainda, respeitar críticas, após ser alvo do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, ressaltando que uma eventual alta na inflação acaba afetando a camada mais vulnerável da população.

"O Banco Central promoveu um processo de convergência da inflação com um custo bastante baixo", disse.

(Reportagem de Fabrício de Castro, texto de Bernardo Caram)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar fecha estável ante real em dia de queda de commodities e dados fracos dos EUA
Taxas futuras de juros têm queda firme no Brasil após dados fracos do mercado de trabalho dos EUA
Petrobras está confortável com preços de combustíveis; não prevê ajustes por enquanto, diz CEO
Fazenda muda metas para dívida pública em 2024 e prevê maior participação de títulos atrelados à Selic
Reajuste de refinarias impacta no preço médio da gasolina nos postos, que fecha agosto a R$ 6,28, aponta Edenred Ticket Log
Brasil tem fluxo cambial negativo de US$2,696 bi em agosto, diz BC