Japão diz que pode tomar "medidas decisivas" contra fraqueza do iene, autoridades convocam reunião
Por Tetsushi Kajimoto
TÓQUIO (Reuters) - O ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, disse nesta quarta-feira que as autoridades podem tomar "medidas decisivas" contra a fraqueza do iene depois que a moeda caiu para uma mínima de 34 anos em relação ao dólar - linguagem que ele não usa desde 2022, quando o Japão interveio pela última vez no mercado.
Após os comentários, autoridades anunciaram que o Banco do Japão, o Ministério das Finanças e a Agência de Serviços Financeiros do Japão realizariam uma reunião para discutir os mercados financeiros internacionais.
O dólar caiu em relação ao iene com a notícia da reunião e estava em 151,49 por dólar. Mais cedo, o iene chegou a 151,97, mais fraco do que o nível de 151,94 no qual as autoridades japonesas intervieram em outubro de 2022 para comprar a moeda.
"Agora estamos observando os movimentos do mercado com um alto senso de urgência", disse Suzuki a repórteres. "Se houver movimentos excessivos, tomaremos medidas decisivas e não descartaremos nenhuma opção."
Christopher Wong, estrategista cambial do OCBC em Cingapura, disse que os mercados estavam testando cautelosamente para ver onde está o limite para Tóquio.
"Acho que o risco de intervenção é bastante alto, porque este é um novo ciclo de alta", disse ele, acrescentando que, se Tóquio não agir, isso apenas encorajaria as pessoas a empurrar o dólar/iene muito mais para cima nos próximos dias.
O iene continuou a perder terreno, apesar de o Banco do Japão ter acabado com as taxas de juros negativas na semana passada.
O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, disse nesta quarta-feira que o banco central também ficará de olho nos movimentos da moeda e em seu impacto sobre a evolução econômica e dos preços.
"Os movimentos da moeda estão entre os fatores que têm um grande impacto sobre a economia e os preços", disse Ueda ao Parlamento, quando perguntado sobre as recentes quedas acentuadas do iene.
Um iene mais fraco torna as importações mais caras, alimentando a inflação e encarecendo o custo de vida, ao mesmo tempo em que torna mais baratas as exportações da quarta maior economia do mundo.
(Reportagem adicional de Rae Wee e Tom Westbrook em Cingapura)