Kremlin e Otan discordam sobre apelo do papa para que Ucrânia mostre "bandeira branca"

Publicado em 12/03/2024 10:13

Por Guy Faulconbridge e Andrew Gray

MOSCOU/BRUXELAS (Reuters) - O Kremlin disse que o apelo do papa Francisco para conversações para acabar com a guerra na Ucrânia era "bastante compreensível", mas o chefe da Otan afirmou que agora não era o momento de falar sobre "rendição".

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou o embaixador do Vaticano, conhecido como núncio papal, para expressar seu "desapontamento" com os comentários de Francisco em uma entrevista gravada no mês passado, de que a Ucrânia deveria ter "a coragem da bandeira branca" para negociar o fim do conflito.

O ministério disse que os comentários do papa "legalizam o direito do poder e incentivam ainda mais o desrespeito às normas do direito internacional".

Em uma tentativa de esclarecer as falas de Francisco, seu segundo em comando no Vaticano afirmou em uma entrevista a um jornal na terça-feira que a primeira condição para qualquer negociação é que a Rússia interrompa sua agressão.

Com o Ocidente debatendo sobre como apoiar a Ucrânia e a perspectiva de uma mudança brusca na política dos EUA se Donald Trump vencer a eleição presidencial de novembro, Putin ofereceu essencialmente congelar o campo de batalha ao longo de suas linhas de frente atuais, uma premissa que a Ucrânia rejeita.

"É bastante compreensível que ele (o papa) tenha falado a favor das negociações", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres.

Segundo ele, o presidente Vladimir Putin afirmou repetidamente que a Rússia estava aberta a negociações de paz.

"Infelizmente, tanto as declarações do papa quanto as repetidas declarações de outras partes, incluindo a nossa, receberam recentemente recusas absolutamente duras", disse Peskov.

A Rússia diz que enviou suas tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022 em uma "operação militar especial" para garantir sua própria segurança. Kiev e o Ocidente a condenam como uma guerra de conquista de estilo colonial.

As ofertas de Moscou para negociar têm sido invariavelmente baseadas na desistência de Kiev do território que Moscou tomou e declarou como parte da Rússia - mais de um sexto da Ucrânia.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que as negociações que preservariam a Ucrânia como uma nação soberana e independente só aconteceriam quando Putin percebesse que não venceria no campo de batalha.

“Se quisermos uma solução negociada, pacífica e duradoura, a maneira de chegar lá é fornecer apoio militar à Ucrânia”, disse ele à Reuters na sede da Otan em Bruxelas.

Questionado se isso significava que agora não era o momento de falar sobre uma bandeira branca, ele declarou: "Não é o momento de falar sobre rendição dos ucranianos. Isso será uma tragédia para os ucranianos."

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ONS eleva previsão para crescimento da carga de energia a 1,5% em setembro
Wall Street abre com pouca variação após dados de emprego de agosto
Ibovespa recua na abertura com dados de emprego dos EUA em foco
Dólar recua após dados de emprego dos EUA fomentarem apostas de corte grande de juros pelo Fed
Presidente do Fed de NY diz que chegou a hora de iniciar cortes nos juros
Preço do diesel aumenta quase 1% em agosto e encerra o mês a R$ 6,10