Avaliação do governo Lula oscila para baixo puxada por evangélicos após fala sobre Israel, diz Genial/Quaest

Publicado em 06/03/2024 07:43 e atualizado em 06/03/2024 16:07

BRASÍLIA (Reuters) - A avaliação do trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu governo de uma forma geral apresentou oscilações para baixo em fevereiro, mostrou pesquisa Genial/Quaest nesta quarta-feira, apontando a fatia evangélica da população como responsável pelo movimento, motivada pelas declarações do petista em que comparou a morte de palestinos na Faixa de Gaza ao genocídio perpetrado por Adolf Hitler contra os judeus.

De acordo com o levantamento, a aprovação do trabalho desempenhado por Lula oscilou de 54% em dezembro para 51% em fevereiro, dentro da margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Já a desaprovação do trabalho do presidente também variou dentro da margem, mas de 43% em dezembro para 46% em fevereiro.

A primeira rodada de pesquisas de 2024 do instituto constatou que é entre os evangélicos -- grupo tradicionalmente identificado com Israel -- que Lula teve a pior avaliação. Nesse estrato, a desaprovação do trabalho do petista passou de 56% em dezembro para 62% agora. A aprovação, por sua vez, saiu de 41% na rodada anterior para 35% em fevereiro.

Entre católicos, por exemplo, a oscilação ocorreu dentro da margem de erro -- os 61% de aprovação em dezembro foram para 58% em 2024, enquanto os 37% de desaprovação agora são 39%.

Quando é analisado o governo, a avaliação geral positiva variou marginalmente para 35% em fevereiro, ante 36% no ano passado. A desaprovação subiu de 29% em dezembro para 34% nesta rodada. Os que avaliam o governo como "regular" oscilaram para 28%, ante 32% em dezembro.

Mais uma vez, segundo a pesquisa, o setor evangélico, que responde por cerca de 30% do eleitorado, registrou o maior movimento de avaliação negativa -- de 36% para 48%.

A pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 27 de fevereiro, poucos dias após a declaração do presidente que provocou uma forte reação do governo israelense e da oposição no Brasil. Em 18 de fevereiro, Lula comparou as mortes de palestinos na ofensiva de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus na 2ª Guerra Mundial. A declaração foi dada em entrevista coletiva após participar da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis-Abeba, na Etiópia.

Ainda de acordo com a sondagem, 60% dos entrevistados considerou que "Lula exagerou ao comparar o que acontece em Gaza ao que Hitler fez na 2ª Guerra". Outros 28% avaliaram que ele não exagerou, enquanto 12% não soube ou não respondeu.

Entre os evangélicos, 69% entenderam que o presidente exagerou em sua declaração, ao passo que 19% consideraram que não exagerou e 12% não responderam.

Outro quesito com impacto nos resultados da pesquisa, segundo a Quaest, diz respeito à deterioração da percepção sobre a economia. Para 38%, a economia brasileira piorou nos últimos 12 meses, ante 31% em dezembro. Os 34% registrados em dezembro para quem a economia melhorou ao longo do ano passaram a 26% agora. Dentre os entrevistados, 73% apontaram o aumento dos preços dos alimentos -- eram 48% na pesquisa anterior.

A expectativa de melhora da economia passou de 55% para 46%. A expectativa de piora, de 25% para 31%.

Houve empate quando a pesquisa buscou levantar a percepção do eleitorado, questionado se "o governo Lula se preocupa com pessoas como você": 48% disseram que sim, mesmo patamar registrado para os que responderam negativamente, enquanto 4% não soube ou não respondeu.

A pesquisa da Quaest, encomendada pela Genial Investimentos, ouviu 2 mil pessoas por meio de entrevistas presenciais entre os dias 25 a 27 de fevereiro. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

Fonte: Reuters

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