Lula vê problemas políticos na América do Sul à frente e ressalta necessidade de diálogo
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Dois dias depois da eleição do libertário Javier Milei na Argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontou que é provável que a América do Sul venha a ter problemas políticos, mas será necessário manter o diálogo.
"Vamos ter problemas políticos na América do Sul e em vez de reclamar dos problemas políticos temos que ser inteligentes e tentar resolver, tentar conversar e tentar convencer democraticamente na adversidade", afirmou em discurso durante a formatura de diplomatas no Itamaraty.
Depois da eleição no país vizinho, o presidente saudou a realização do processo eleitoral e afirmou, em sua conta no Twitter, que o governo brasileiro está aberto a manter o diálogo com a Argentina, mas não cumprimentou diretamente Milei.
"Não tenho que gostar, ser amigo do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela. Ele não tem que ser meu amigo, ele tem que ser presidente do país dele e eu do meu. Temos que ter políticas entre o Estado brasileiro e o Estado dele, temos que sentar na mesa, cada um defendendo seus interesses. Não pode ter supremacia um sobre o outro. A gente tem que chegar a um acordo, essa é a arte da democracia", defendeu.
Durante sua campanha, Milei disse que não iria mais negociar com o Brasil e nem falar com Lula, a quem chamou de "ladrão", "corrupto" e "comunista raivoso", entre outra ofensas. Ao anunciar suas primeiras viagens como presidente eleito, não incluiu o Brasil -- uma praxe entre os presidentes dos dois lados é ter Brasil e Argentina como primeira visita.
Ao menos por enquanto o governo brasileiro vai manter distância do novo governo argentino. Lula não pretende ir a posse e as relações devem ser mantidas em nível institucional, através do Itamaraty.