Ibovespa renova máximas desde 2021 embalado por Vale; Petrobras titubeia com ruídos sobre CEO

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira pelo quarto pregão seguido, ultrapassando os 126 mil pontos na máxima da sessão, o que não acontecia desde meados de 2021, com Vale respondendo pela principal contribuição positiva.

Petrobras, que vinha corroborando o avanço com o aumento do petróleo no exterior, perdeu o fôlego com ruídos de eventual troca do comando da estatal. Fontes afirmaram à Reuters que integrantes do governo têm conversado sobre uma possível substituição do CEO Jean Paul Prates.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,95 %, a 125.957,06 pontos, maior patamar de fechamento desde 28 de julho de 2021. Na máxima do dia, chegou a 126.162,01 pontos. Na mínima, a 124.773,21 pontos.

A pontuação recorde do Ibovespa foi registrada em 7 de junho de 2021, quando fechou em 130.776,27 pontos. No melhor momento naquele pregão, alcançou 131.190,30 pontos.

O volume financeiro nesta segunda-feira somou 23,1 bilhões de reais, abaixo da média do ano e do mês, em sessão marcada pelo feriado do Dia da Consciência Negra em vários Estados brasileiros, incluindo São Paulo.

"Os estrangeiros estão buscando oportunidades nos emergentes, e Brasil parece ser a bola da vez", afirmou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, ponderando que isso ocorre mesmo sem grandes definições nos campos fiscal e tributário.

Dados da B3 mostram que o saldo de capital externo na bolsa paulista está positivo em 8,6 bilhões de reais em novembro até o dia 16, após as vendas de ações por estrangeiros superarem suas compras nos três meses anteriores.

No pano de fundo dessa movimentação, está a expectativa de que o Federal Reserve possa ter encerrado o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, com alguns economista estimando queda dos juros no segundo semestre do próximo ano.

Em paralelo, o Banco Central no Brasil tende a manter o ritmo de corte das taxa Selic, que pode chegar a 1 dígito em 2024. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.

"O cenário de queda de juros ajuda muito ativos que estavam descontados e parece que temos um novo ciclo de commodities positivo a depender da China", acrescentou Chinchila.

Em Nova York, a segunda-feira terminou com alta dos principais índices acionários e queda nos rendimentos dos Treasuries, tendo no radar nos próximos dias a ata da última decisão de juros do Fed, na terça-feira, e o feriado do Dia de Ação de Graças, na quinta.

DESTAQUES

- VALE ON subiu 2,45%, a 76,06 reais, beneficiada pela alta dos futuros do minério de ferro na Ásia, com o contrato mais negociado na chinesa Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrando as negociações diurnas com acréscimo de 0,47%. Em Cingapura, o vencimento de referência avançou 1,98%. Além disso, analistas do Bank of America elevaram a recomendação das ações para "compra", citando uma visão mais otimista para os preços do minério de ferro em 2024, conforme relatório nesta segunda-feira.

- CSN ON disparou 9,49%, a 16,27 reais, e USIMINAS PNA fechou em alta de 2,11%, a 7,76 reais, enquanto GERDAU PN recuou 4,33%, a 23,00 reais. O BofA também elevou a recomendação dos papéis de CSN e Usiminas para "compra", mas cortou a de Gerdau para "neutra".

- PETROBRAS PN avançou 0,08%, a 36,74 reais, enfraquecida por ruídos envolvendo uma eventual troca do comando da estatal. Fontes com conhecimento do assunto afirmaram à Reuters que integrantes do governo brasileiro têm conversado sobre uma possível substituição do CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, já que estão descontentes com os rumos da empresa. Na máxima, chegou a 37,22 reais, tendo de pano de fundo a alta dos preços do petróleo no exterior.

- ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 0,99%, a 30,75 reais, fortalecendo também o desempenho do Ibovespa. BRADESCO PN, por sua vez, encerrou com variação positiva de apenas 0,26%, a 15,47 reais.

- B3 ON subiu 2,99%, a 13,11 reais, oferecendo também um suporte relevante e ampliando a recuperação em novembro, mês em que os volumes, pelo menos no mercado de ações à vista, têm mostrado alguma recuperação. Após médias diárias em torno de 22 bilhões de reais em setembro e outubro, novembro já registra uma média super a 29 bilhões de reais. Após três meses seguidos acumulando perdas, a ação da B3 sobe 18,1% em novembro.

(Por Paula Arend Laier)