Taxas futuras de juros fecham com leve viés de baixa após subirem com suporte dos Treasuries

Publicado em 25/10/2023 16:48

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos de DI fecharam a quarta-feira muito próximas da estabilidade no Brasil, com leve viés de baixa, depois de receberem suporte na maior parte do dia da curva de juros norte-americana, que subia após a divulgação de dados positivos do setor imobiliário e depois de um leilão de títulos dos EUA.

Pela manhã, o Departamento de Comércio dos EUA informou que as vendas de residências novas se recuperaram em 12,3%, atingindo uma taxa anual ajustada sazonalmente de 759 mil unidades em setembro. Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas de novas moradias, que representam uma pequena parcela das vendas de casas nos EUA, se recuperariam para uma taxa de 680 mil unidades.

O ritmo de vendas de agosto foi revisado para cima, para 676 mil unidades, contra 675 mil unidades informadas anteriormente.

Os dados reforçaram a percepção de que o Federal Reserve precisará manter as taxas de juros em patamares mais elevados por mais tempo, para segurar a inflação, o que deu força aos rendimentos dos Treasuries.

No Brasil, as taxas dos DIs recebiam certo suporte da elevação dos títulos norte-americanos, embora não se afastassem muito dos níveis da véspera.

“Lá fora, a curva americana está subindo. Isso impacta um pouco na leve abertura que a gente está tendo aqui”, comentou durante a tarde o economista Rafael Pacheco, da Guide Investimentos.

Segundo ele, além das vendas de moradias, os yields foram impactados pelo leilão de títulos pelo Tesouro dos EUA, em que a oferta mais uma vez ficou acima da demanda. Como resultado, os preços dos títulos norte-americanos caíram e os rendimentos subiram.

De fato, no início da tarde, os rendimentos dos títulos de 5 anos e de 10 anos ganharam força, após o leilão.

As taxas dos DIs, no entanto, seguiram oscilando muito próximas da estabilidade e, na reta final, migraram para o negativo.

O gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado, pontuou os movimentos na curva brasileira eram “bem tímidos”, ainda que as taxas permanecessem em níveis elevados após os avanços nos últimos meses.

Perto do fechamento a curva a termo precificava em 97% as chances de o corte da taxa básica Selic na próxima semana ser de 0,50 ponto percentual. Já as chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual eram precificadas em 3%. Estes percentuais vêm se repetindo desde quarta-feira passada. Atualmente, a Selic está em 12,75% ao ano.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,915%, ante 10,94% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,785%, ante 10,824% do ajuste anterior.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,985%, ante 11,023%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,25%, ante 11,284%.

Durante a tarde, o Tesouro Nacional informou que a dívida pública federal caiu 3,02% em setembro ante agosto, para 6,076 trilhões de reais. No período, a dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) somou 5,834 trilhões de reais, com queda de 3,22%, enquanto a dívida pública federal externa (DPFe) atingiu 241,8 bilhões de reais, após crescer 1,82%. Os dados tiveram pouca influência sobre os DIs.

Investidores também seguiam durante a tarde atentos ao noticiário de Brasília, à espera dos desdobramentos no Congresso de projetos importantes para o governo, como o da taxação de fundos e o da reforma tributária.

Às 16:41 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 10,40 pontos-base, a 4,9442%.

Fonte: Reuters

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