Taxas futuras de juros caem no Brasil em dia de procura maior por ativos de risco

Publicado em 16/10/2023 16:47

 

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a segunda-feira em queda no Brasil, em um dia marcado por maior procura por ativos de risco em todo o mundo, apesar das tensões no Oriente Médio, e pela redução da projeção de inflação doméstica para 2023 no relatório Focus.

Na semana passada, as preocupações em torno do conflito entre Israel e Hamas favoreceram a busca dos investidores por ativos de segurança como os Treasuries, o que pesou sobre os rendimentos na curva de juros norte-americana.

Nesta segunda-feira, o movimento global foi contrário: investidores demonstraram maior apetite por risco, o que impulsionou os índices de ações, as moedas de países emergentes e os rendimentos dos títulos dos EUA.

No Brasil, a busca por risco se traduziu na curva a termo por maior procura por DIs (Depósitos Interfinanceiros), o que reduziu os prêmios.

“É um pouco de redução da aversão ao risco, mas acho que (as taxas futuras) não caem muito devido ao nível dos (rendimentos dos) Treasuries”, comentou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ao avaliar o fechamento da curva a termo no Brasil nesta segunda-feira. "Com o (rendimento do) Treasury de 10 anos subindo, não vejo como os juros aqui caírem abaixo da mínima da semana passada”, acrescentou.

Internamente, o relatório Focus indicou que os economistas reduziram de 4,86% para 4,75% a projeção mediana de inflação para 2023. No caso de 2024, a expectativa seguiu em 3,88%.

“O cenário de inflação está inegavelmente mais favorável e o Focus de hoje (segunda-feira) reflete essa situação”, disse o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, em comentário enviado a clientes.

“O grande problema mesmo é saber como ficarão os preços do petróleo diante desse conflito em Israel e região, para inferirmos como a Petrobras reagirá em relação aos combustíveis. Nossa projeção é de IPCA de 4,7% para 2023", acrescentou.

Apesar do movimento desta segunda-feira, a curva de juros pouco alterou sua precificação para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que acontece em 31 de outubro e 1º de novembro.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava em 90% as chances de o corte da Selic em novembro ser de 0,50 ponto percentual. Já as chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual -- uma possibilidade surgida após o rali mais recente -- eram precificadas em 10%.

Durante a tarde, o diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do BC, Maurício Moura, afirmou que a instituição continuará a reduzir a taxa básica Selic, atualmente em 12,75% ao ano, enquanto achar que há espaço. Ele também reforçou que a sinalização mais recente é de corte de 0,50 ponto percentual nos próximos encontros de política monetária -- como vem sendo precificado de forma majoritária na curva.

"O Copom vai seguir reduzindo a Selic enquanto achar que há espaço. Não há alvo predefinido para a Selic", afirmou ele, durante transmissão ao vivo na internet promovida pelo BC.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,194%, ante 12,209% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,92%, ante 10,993% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,7%, ante 10,809%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,88%, ante 10,999%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,14%, ante 11,263%.

No exterior, a busca por ativos de maior risco mantinha as taxas dos Treasuries em alta.

Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 7,50 pontos-base, a 4,7039%.

Fonte: Reuters

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