Líbano vive clima de apreensão após confrontos mais violentos na fronteira desde 2006

Publicado em 10/10/2023 13:04 e atualizado em 10/10/2023 14:29

Por Ahmed Al Kerdi e Mohamed Azakir

DHAYRA, Líbano (Reuters) - Muitos moradores do sul do Líbano, que há poucos dias estavam se preparando para colher suas azeitonas, fugiram nesta terça-feira por medo de outro conflito com Israel, após o dia mais letal de violência na fronteira entre os países desde a guerra de 2006.

Para os aldeões, os confrontos de segunda-feira despertaram lembranças da devastadora guerra de 2006 entre Israel e o grupo libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, à medida que o conflito entre israelenses e palestinos, a 200 quilômetros de distância ao sul, chegava à sua porta.

No lado israelense da fronteira, os vilarejos pareciam desertos nesta terça-feira, em um possível reflexo de moradores abrigados em casa, e não que tenham fugido. O Exército israelense disse que não havia dado nenhuma ordem para que eles saíssem. Algumas pessoas, no entanto, disseram que estavam se mudando para o sul como uma precaução temporária.

Seis pessoas foram mortas na segunda-feira -- três membros do Hezbollah, um oficial israelense e dois militantes palestinos que desencadearam a violência ao se infiltrarem em Israel a partir do Líbano.

"Eu estava aqui em 2006, foram cenas aterrorizantes. E o bombardeio de ontem foi muito pesado", disse Charbel Alam, um barbeiro da cidade fronteiriça de Rmeish. Centenas de pessoas foram embora, a maioria famílias com crianças ou parentes idosos, disse ele.

"As pessoas com crianças foram embora porque, em 2006, não havia pão, leite ou remédios. O Líbano já está assim agora, então imagine como será se as coisas piorarem", disse Alam, referindo-se à crise financeira que empobreceu muitos libaneses nos últimos quatro anos.

A idosa Nazimiya Damouch disse que as crianças foram levadas para abrigos em uma base de manutenção da paz da ONU nas proximidades durante o bombardeio de segunda-feira. "Eu não tenho medo de bombardeios como esse, mas você fica com medo pelas crianças."

O confronto marcou a escalada mais séria na volátil fronteira em terras altas e acidentadas desde a guerra de 17 anos atrás, que matou 1.200 pessoas no Líbano, a maioria civis, e 157 israelenses, a maioria soldados.

A violência de segunda-feira na fronteira libanesa-israelense começou quando militantes do grupo palestino Jihad Islâmica, que luta ao lado do Hamas em Gaza, atravessaram a fronteira do Líbano para Israel.

As forças israelenses mataram dois dos militantes no confronto que se seguiu, no qual o oficial israelense também morreu, embora a Jihad Islâmica tenha dito que o número de mortos israelenses era maior do que o publicado por Israel até o momento.

As ruas estavam tranquilas nas vilas e cidades libanesas próximas à fronteira nesta terça-feira, com as escolas fechadas. Uma tempestade deixou muitas pessoas no Líbano nervosas, pois os trovões foram confundidos com bombardeios israelenses.

As pessoas também estavam nervosas em Kiryat Shmona, uma cidade do norte de Israel, perto de Metulla. "Essa não é a melhor sensação do mundo", disse o morador Orel Sigon. "Já vimos foguetes aqui, já passamos por muita coisa, mas desta vez sentimos que haverá um caos."

(Reportagem adicional de Dan Williams e Ayhan Uyanik)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar cai ante real com fluxo de venda de moeda e alta do petróleo
Ibovespa fecha com alta tímida em dia de ajustes e volume fraco
Vice-presidente, Geraldo Alckmin, e presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, anunciam investimentos de mais de R$ 18,3 milhões para preparar empresas para exportação
Taxas de juros futuras têm alta firme no Brasil com dados de emprego nos EUA e alta do petróleo
Dólar recua ante o real com apetite por risco global após dados de emprego dos EUA
Wall Street sobe após dados fortes de emprego nos EUA elevarem confiança