Ibovespa tem queda modesta com cautela antes de dados dos EUA; Itaú avança

Publicado em 05/10/2023 17:08 e atualizado em 05/10/2023 18:11

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com um declínio discreto e volume novamente fraco nesta quinta-feira, refletindo cautela antes de dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos na sexta-feira, conforme permanecem as preocupações com a possibilidade de juros mais elevados por mais tempo na maior economia do mundo.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,28%, a 113.284,08 pontos., com o avanço de 1,58% de Itaú Unibanco ajudando a atenuar a pressão de baixa. Na máxima, o Ibovespa marcou 114.359,33 pontos. Na mínima, foi a 112.704,87 pontos.

O volume financeiro somou 17,1 bilhões de reais, de uma média diária no ano de 25,17 bilhões de reais. Em outubro, até a véspera, essa média está em 18,63 bilhões de reais.

"Tudo depende do 'payroll'", afirmou a equipe da Genial Investimentos, referindo-se ao relatório do governo dos EUA sobre a situação no mercado de trabalho, que além da criação de vagas em setembro, também mostrará o comportamento da taxa de desemprego e as variações salariais, entre outros dados.

A situação do mercado de trabalho norte-americano é considerada crucial para o Federal Reserve (Fed) determinar os próximos passos da política monetária, uma vez que ajuda a mostrar o ritmo de crescimento econômico e suas consequências para a trajetória inflacionária.

Em Nova York, o S&P 500 encerrou em queda de 0,13%, enquanto o rendimento do Treasury de 10 anos caía 2,10 pontos-base no final da tarde, a 4,7144%.

Pela manhã, o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 2.000 na semana encerrada em 30 de setembro, para 207.000 em dado com ajuste sazonal, enquanto economistas consultados pela Reuters previam 210.000 pedidos para o período.

Desde a última decisão do Fed, o mercado busca um novo intervalo de negociação nas Treasuries de 10 anos e isso tem impactado os ativos de risco ao redor do mundo, escreveram analistas do Itaú BBA em relatório com análise técnica nesta quinta-feira.

"No Brasil, o Ibovespa tem acompanhado o mercado internacional e...corre risco de continuar o movimento de queda", acrescentaram.

DESTAQUES

- HAPVIDA ON recuou 4,81%, a 4,16 reais, com dados da ANS mostrando nova queda no número de beneficiários em agosto, na contramão do setor, que registrou crescimento constante, conforme relatório do Citi. "Hapvida continua em tendência de queda, perdendo 42,7 mil beneficiários de saúde em agosto... com crescimento negativo em suas duas verticais -- Notre Dame Intermédia e Hapvida", destacaram analistas do banco.

- AMBEV ON caiu 2,42%, a 12,89 reais, também pesando do lado negativo. Analistas do Bradesco BBI afirmaram em relatório que o resultado da fabricante de bebidas no terceiro trimestre deve mostrar números, de maneira geral, em linha com as previsões do mercado. "Embora recentemente tenhamos sinalizado que um inverno mais quente devido ao evento climático El Niño poderia ter beneficiado os volumes de cerveja no Brasil no trimestre e sido potencialmente um risco positivo para as estimativas de consenso, este não parece ter sido o caso, pois nossas sondagens sugerem que o clima melhor não foi suficiente para compensar uma forte base de comparação", escreveram analistas do banco.

- MRV&CO ON <MRVE3.SA> perdeu 3,61%, a 9,09 reais, após a certa trégua da véspera, conforme o setor imobiliário continua pressionado pelo movimento recente na curva de juros. Fora do Ibovespa, MITRE REALTY ON desabou 16,29%, a 3,70 reais, após comunicado de que seu Conselho de Administração aprovou em 27 de setembro a aquisição, por 13,5 milhões de reais, de 4 imóveis para desenvolvimento de projeto imobiliário na cidade de Trancoso (BA), que pertenciam a Fabricio Mitre, controlador e CEO da construtora. Ainda, TENDA ON, que também não está no Ibovespa, cedeu 9,02%, a 11,50 reais.

- ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 1,58%, a 27,64 reais, e BRADESCO PN subiu 0,42%, a 14,44 reais, à medida que seguem no radar notícias envolvendo o mecanismo de juros sobre capital próprio (JCP), particularmente a chance de o mesmo não ser apenas eliminado, mas substituído por algum benefício fiscal. Analistas do Itaú BBA também elevaram a recomendação dos papéis de Bradesco e Santander Brasil a "market perform". SANTANDER BRASIL UNIT avançou 2,38%, a 26,68 reais.

- PETROBRAS PN subiu 0,34%, a 32,73 reais, apesar de os preços do petróleo terem voltado a registrar queda. O barril de Brent fechou negociado com declínio de 2,03%, a 84,07 dólares. No setor, PRIO ON cedeu 0,43%, a 43,71 reais, e 3R PETROLEUM ON perdeu 3,12%, a 28,54 reais.

- VALE ON terminou com variação positiva de 0,05%, a 65,90 reais, após três quedas seguidas, ainda sem o referencial dos preços do minério de ferro na China em razão de feriado no principal mercado consumidor da commodity.

- TIM ON ganhou 1,74%, a 15,18 reais, e TELEFÔNICA BRASIL ON subiu 1,15%, a 44,72 reais. As duas companhias e a Claro chegaram a um acordo com a Oi sobre o valor da aquisição dos ativos de rede móvel da empresa, tendo acertado uma redução de 723,7 milhões de reais no montante negócio, menos do que o ajuste de cerca de 3,2 bilhões de reais pleiteado pelas compradoras. OI ON, que não está no Ibovespa, saltou 15,52%, a 0,67 real.

- GPA ON recuou 2,65%, a 3,30 reais, tendo como pano de fundo acordo em que o francês Casino, um dos principais acionistas da rede de varejo brasileira, finalizou para evitar a falência por meio de uma reestruturação de dívida acordada com seus principais credores, liderados pelo bilionário tcheco Daniel Kretinsky.

Fonte: Reuters

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