Yellen diz que "pouso suave" dos EUA pode resistir a riscos de greve, paralisação do governo e dívida estudantil

Publicado em 19/09/2023 10:37

Por David Lawder

NOVA YORK (Reuters) - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse à Reuters que um cenário de "pouso suave" para a economia norte-americana pode suportar riscos de curto prazo, incluindo uma greve de trabalhadores do setor automotivo, uma ameaça de paralisação do governo, a retomada dos pagamentos de empréstimos estudantis e repercussões dos problemas econômicos da China.

Yellen disse na segunda-feira ver evidências de que a economia está se mantendo em um caminho de progresso substancial para reduzir a inflação, ao mesmo tempo em que mantém um mercado de trabalho forte e gastos saudáveis dos consumidores.

"O que estou vendo na economia é um esfriamento no mercado de trabalho que está ocorrendo de forma saudável, sem envolver demissões em massa", disse Yellen durante uma discussão com editores, repórteres e colunistas da Reuters na segunda-feira.

"É um pouco do calor que está se dissipando no mercado de trabalho."

Nesta terça-feira, o Federal Reserve inicia uma reunião de dois dias para avaliar suas opções em sua campanha agressiva de aumento das taxas de juros para conter a inflação, enquanto economistas dizem que a greve de automóveis, a possibilidade de uma paralisação do governo e o fim, em 1º de outubro, de uma moratória de três anos sobre o pagamento de empréstimos estudantis podem conspirar para esfriar a economia mais rapidamente do que o esperado.

Yellen reconheceu que a perspectiva de "pouso suave", que ganhou força entre os economistas nas últimas semanas, à medida que as previsões de recessão se dissipam, pode ser afetada por ventos contrários, como a greve do sindicato do setor automotivo United Auto Workers contra as montadoras de Detroit.

O sindicato ameaçou ampliar a greve, que já está paralisando cerca de 13 mil trabalhadores, para mais fábricas se não houver progresso em direção a um acordo até sexta-feira.

O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, está trabalhando para incentivar os dois lados a resolver a greve rapidamente, disse Yellen.

Ao mesmo tempo, o risco de um "shutdown" do governo federal em menos de duas semanas aumentou à medida que os republicanos da linha dura da Câmara dos Deputados exigem cortes de gastos além dos níveis acordados em junho. O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, enfrenta um grande teste ao tentar aprovar um Orçamento antes do final do ano fiscal, em 30 de setembro.

"É um risco desnecessário para a economia e para o funcionamento normal do governo", disse Yellen, acrescentando haver apoio bipartidário no Senado dos EUA para aderir ao limite de gastos discricionários de 1,59 bilhão de dólares para o ano fiscal de 2024 acordado em junho.

No entanto, não se espera que esse e outros riscos tirem a economia de sua trajetória atual de crescimento mais lento, porém sustentável, disse ela.

A retomada do pagamento de empréstimos estudantis em 1º de outubro vai desviar alguns gastos, mas os aprimoramentos de Biden nas políticas de pagamentos orientados pela renda proporcionarão alívio a muitos mutuários, disse Yellen.

Ela disse ainda que a desaceleração econômica da China terá um impacto limitado sobre o crescimento dos EUA, ecoando comentários recentes do subsecretário do Tesouro, Wally Adeyemo.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa avança com endosso de petróleo e minério de ferro
Wall Street abre em baixa com pressão de alta nos rendimentos dos Treasuries
Ibovespa sobe na abertura com alta de commodities
Dólar recua em linha com exterior antes de dados de inflação de Brasil e EUA
Poupança tem em setembro maior volume de saques desde janeiro, diz BC
Dólar ronda estabilidade em início de semana marcada por inflação em Brasil e EUA