Ritmo de contração da indústria do Brasil diminui em julho; preços caem, mostra PMI

Publicado em 01/08/2023 10:02

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - A demanda fraca continuou a pressionar o setor industrial brasileiro em julho, mas o ritmo de contração perdeu força no mês em meio a quedas tanto nos preços de insumos quanto cobrados, apontou nesta terça-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).

Em julho, o PMI da indústria do Brasil apurado pela S&P Global ficou em 47,8, de 46,6 em junho. O resultado mostra que o setor segue em território de contração ao ficar abaixo da marca de 50 pelo nono mês seguido. Mas o aumento para o nível mais alto em cinco meses mostra que o ritmo de retração perdeu força.

"A fraqueza prolongada da demanda, que restringiu as encomendas e a produção da indústria nos últimos meses, aponta para uma contribuição mais fraca do setor para o PIB do segundo trimestre de 2023 e no terceiro trimestre até agora", alertou a diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna De Lima.

Condições econômicas desafiadoras e o apetite do consumidor ainda fraco pressionaram as encomendas à indústria em julho, com as vendas recuando pelo décimo mês seguido, porém no ritmo mais lento desde fevereiro.

Os produtores sinalizaram nova queda nas encomendas por exportação, o que vem acontecendo desde março de 2022, diante de demanda mais fraca de clientes da América Latina, com Argentina e Colômbia em particular.

Com o recuo das novas encomendas no início do terceiro trimestre, os produtores reduziram os volumes de produção pela nona vez, o que provocou nova rodada de cortes de empregos no setor.

No entanto, a demanda global reprimida por matéria-prima e uma falta de pressão sobre a cadeia de oferta garantiu a redução nos custos de insumo mais forte nos 17 anos e meio da série histórica.

Diante da redução de custos e buscando iniciativas para aumentar as vendas, as empresas reduziram os preços cobrados no ritmo mais forte desde junho de 2009.

Apesar do cenário adverso persistente, os produtores estavam em julho mais otimistas em relação às perspectivas de crescimento.

Projeções de que a inflação contida abrirá espaço para cortes na taxa de juros foram determinantes para a avaliação positiva, embora também tenham sido mencionados outros pontos como expansão das fábricas e diversificação dos produtos.

O Banco Central se reúne nesta terça e quarta-feiras para decidir sobre a política monetária, com ampla expectativa de que inicie um afrouxamento monetário. A taxa básica de juros Selic está atualmente em 13,75%.

"Considerando a situação do setor industrial, a queda recorde nos custos de insumo e o recuo mais forte nos (preços) cobrados desde 2009, o Banco Central pode acelerar sua decisão de cortar os juros", disse De Lima.

"Cortes na taxa básica podem estimular os gastos das famílias e o investimento das empresas, sustentando a economia e potencialmente tirando a indústria de seu atual mal-estar", completou.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa fecha no menor patamar em 2 meses pressionado por DIs
Ações sobem após ata do Fed, com dados de inflação e balanços em foco
Biden e Netanyahu conversam, e Israel promete retaliação letal contra o Irã
Dólar sobe quase 1% e se reaproxima dos R$5,60 sob influência do exterior
Taxas futuras de juros disparam mais de 20 pontos-base em dia de alta dos yields nos EUA e IPCA no Brasil
Brasil tem fluxo cambial negativo de US$4,148 bi em setembro, diz BC