Queremos que União Europeia financie fábricas para transformação de matérias-primas, diz Lula
(Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que deseja que a União Europeia financie fábricas para a transformação de matérias-primas em países em desenvolvimento, defendendo que estas nações não sejam apenas exportadores de commodities e possam gerar rentabilidade e empregos.
"Qual é o nosso discurso para a União Europeia? Nós queremos que vocês financiem a construção das fábricas que nós precisamos para fazer o processo de transformação (de matérias-primas)... Para fazer emprego acontecer", disse Lula durante live semanal transmitida em suas redes sociais.
Lula afirmou que o financiamento de novas indústrias em países exportadores de matérias-primas já é visto como um "discurso novo" que está ganhando força entre países do bloco europeu e que outros países ricos também deveriam adotá-lo.
"Achei uma evolução no discurso... É um discurso novo na União Europeia que eu acho que o resto mundo deveria aproveitar para que os países pobres ou em desenvolvimento possam se desenvolver", disse.
O presidente está em Bruxelas para a cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a UE, mas também marcou presença em reuniões bilaterais com diversos líderes europeus e em um fórum empresarial para discutir mais investimentos em países latino-americanos e a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e UE.
Ele afirmou em um discurso na segunda-feira que espera que o acordo seja concluído neste ano, durante a presidência brasileira do Mercosul, e que as negociações devem ser baseadas na confiança mútua e não em "ameaças".
Na live, Lula disse que as negociações sobre o acordo não estarão mais na pauta das suas reuniões remanescentes em Bruxelas e que já relatou as discussões aos demais presidentes do bloco sul-americano.
Também na segunda-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE está planejando 45 bilhões de euros em investimentos na América Latina e no Caribe como parte do programa Global Gateway para investimentos em infraestrutura.
O anúncio faz parte das ações promovidas pelos países europeus, que incluem o acordo com o Mercosul e a cúpula Celac-UE, para reduzir a influência da China no continente americano, pois o país asiático é considerado um rival comercial e estratégico das grandes potências do Ocidente.
(Por Fernando CardosoEdição de Eduardo Simões)