Dívida pública global atinge recorde de US$92 tri, diz relatório da ONU

Publicado em 12/07/2023 15:52

Por Jorgelina do Rosario

LONDRES (Reuters) - A dívida pública global subiu para um recorde de 92 trilhões de dólares em 2022, à medida que os governos faziam empréstimos para combater crises, como a pandemia de Covid-19, com o ônus sendo sentido de forma aguda pelos países em desenvolvimento, mostrou um relatório das Nações Unidas.

A dívida interna e externa em todo o mundo aumentou mais de cinco vezes nas últimas duas décadas, superando a taxa de crescimento econômico, uma vez que o Produto Interno Bruto (PIB) apenas triplicou desde 2002, de acordo com o relatório desta quarta-feira, divulgado antes da reunião dos ministros das Finanças e chefes dos BCs do G20, de 14 a 18 de julho.

"Os mercados podem parecer não estar sofrendo -- ainda. Mas as pessoas estão", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, a repórteres. "Alguns dos países mais pobres do mundo estão sendo forçados a escolher entre pagar sua dívida ou servir seu povo."

Os países em desenvolvimento são responsáveis por quase 30% da dívida pública global, dos quais 70% são representados por China, Índia e Brasil. Cinquenta e nove países em desenvolvimento enfrentam uma relação dívida/PIB acima de 60%, um limite que indica altos níveis de dívida.

"A dívida tem se traduzido em um fardo substancial para os países em desenvolvimento devido ao acesso limitado a financiamento, custos crescentes de empréstimos, desvalorizações da moeda e crescimento lento", acrescentou o relatório da ONU.

Além disso, a arquitetura financeira internacional tornou o acesso ao financiamento para os países em desenvolvimento inadequado e caro, disse a ONU, apontando para pagamentos líquidos de juros da dívida superiores a 10% das receitas de 50 economias emergentes em todo o mundo.

"Na África, o valor gasto em pagamentos de juros é maior do que os gastos com educação ou saúde", constatou o relatório, com 3,3 bilhões de pessoas vivendo em países que gastam mais com pagamentos de juros da dívida do que com saúde ou educação.

"Os países estão enfrentando a escolha impossível de pagar sua dívida ou servir seu povo."

Credores privados, como detentores de títulos e bancos, representam 62% do total da dívida pública externa dos países em desenvolvimento.

Na África, essa participação dos credores cresceu de 30% em 2010 para 44% em 2021, enquanto a América Latina tem a maior proporção de credores privados detentores de dívida externa do governo para qualquer região em 74%.

(Reportagem adicional de Michelle Nichols nas Nações Unidas)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar à vista fecha em baixa de 0,04%, a R$5,5849 na venda
Trump vai propor dedução dos juros sobre financiamento de veículos
Presidente do Fed de Atlanta se diz "confortável" em manter juros inalterados em novembro
Ações recuam na Europa após dados de inflação dos EUA e com orçamento francês em foco
Fed deve cortar juros gradualmente para 3,5% até meados de 2025, segundo operadores
Wall Street cai após dados sobre inflação e pedidos de auxílio-desemprego