BC britânico eleva juros para 5% em aperto maior que o esperado para combater a inflação

Publicado em 22/06/2023 08:24

 

Por David Milliken e Suban Abdulla

LONDRES (Reuters) - O Banco da Inglaterra elevou a taxas de juros em 0,5 ponto percentual nesta quinta-feira, mais do que o esperado, depois de dizer que havia notícias "significativas" sugerindo que a inflação britânica levará mais tempo para cair.

O Comitê de Política Monetária do banco central votou por 7 a 2 para aumentar sua principal taxa de juros de 4,5% para 5%, a mais alta desde 2008 e o maior aumento desde fevereiro, diante de uma inflação mais persistente e aumento salarial desde que as autoridades se reuniram em maio.

"Houve notícias significativas de alta em dados recentes que indicam mais persistência no processo de inflação", disse o comitê.

"Efeitos de segunda ordem na evolução dos preços domésticos e salários gerados por choques de custos externos provavelmente levarão mais tempo para se dissipar", acrescentou.

Economistas consultados pela Reuters esperavam um movimento para 4,75%, embora os mercados financeiros vissem nesta quinta-feira uma chance de quase 50% de um aumento para 5%, após dados de inflação acima do esperado divulgados na quarta-feira.

As autoridades do Banco da Inglaterra deram poucas indicações de que um aumento de 0,5 ponto estava sendo considerado antes do anúncio desta quinta-feira.

Os membros Silvana Tenreyro e Swati Dhingra se opuseram à decisão, dizendo que grande parte do impacto do aperto monetário passado ainda não foi sentido, e que indicadores antecedentes apontam para quedas acentuadas na inflação e crescimento salarial à frente.

O presidente da autoridade monetária, Andrew Bailey, em uma carta regular ao ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, reiterou a maior parte da declaração do comitê.

“O Comitê fará o que for necessário para devolver a inflação à meta de 2% de forma sustentável no médio prazo”, afirmou.

As expectativas de aperto pelo BC britânico aumentaram nos últimos dias - elevando acentuadamente o custo de novas hipotecas - e antes da decisão desta quinta-feira os mercados financeiros esperavam que a taxa atingiria um pico de 6% até o final do ano. Por outro lado, economistas consultados pela Reuters na semana passada viam um pico de 5%.

A economia do Reino Unido - que foi atingida pelo choque do Brexit, bem como pela pandemia do Covid-19 e pelo aumento nos preços do gás causado pela invasão russa da Ucrânia - evitou uma recessão amplamente esperada até agora em 2023.

No entanto, ao contrário da maioria das outras grandes economias ricas, a produção mal se recuperou para os níveis pré-pandemia e o crescimento este ano deve ser de apenas 0,25%, de acordo com as previsões do banco central no mês passado.

O aumento dos juros pelo Banco da Inglaterra segue a decisão do Banco Central Europeu na semana passada de aumentar as taxas em 0,25 ponto, para 3,5%, além de aumentos pelos bancos centrais sueco e norueguês nesta quinta-feira.

O Banco da Inglaterra manteve sua orientação anterior sobre a política monetária futura, que afirmava que, se houver evidências de pressões mais persistentes, será necessário um maior aperto na política monetária.

Dados oficiais divulgados na quarta-feira mostraram que a inflação ao consumidor permaneceu em 8,7% em maio e que a inflação subjacente subiu para o nível mais alto desde 1992.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

STOXX 600 atinge pico em uma semana com foco em estímulos da China e balanços
ONS reduz previsão para reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste a 39,4% ao final de outubro
Dólar sobe na contramão do exterior com aversão a risco acentuada no Brasil
S&P 500 e Dow sobem com impulso de balanços de grandes bancos
Horário de verão só volta em 2024 se houver risco energético, diz Silveira
Wall Street abre sem direção comum após dados de preços ao produtor; Tesla pressiona Nasdaq