Bancos foram mais restritivos na aprovação de crédito ao longo de 2022, em linha com alta da Selic, diz BC

Publicado em 06/06/2023 09:13

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central disse nesta terça-feira que as instituições financeiras do Brasil apresentaram condições mais restritivas de aprovação de crédito ao longo de 2022, o que viu como consistente com o cenário de taxas de juros crescentes.

Em seu Relatório de Economia Bancária (REB), referente a 2022, a autarquia notou, no entanto, que a carteira de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) registrou forte crescimento pelo terceiro ano consecutivo, ainda que com desaceleração na expansão do crédito no segundo semestre.

"De acordo com a Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito (PTC), as instituições financeiras apresentaram condições mais restritivas de aprovação de crédito ao longo de 2022, consistente com o cenário de taxas de juros crescentes", disse o BC no documento.

No segundo semestre do ano passado, a autarquia elevou a taxa básica de juros Selic a 13,75% ao ano, no que representou o maior patamar desde 2016, à medida que buscava conter a inflação. A taxa segue nesse patamar até o momento.

"A elevação da taxa Selic foi transmitida para os juros cobrados nas operações de crédito contratadas em 2022", avaliou o Banco Central no REB. Segundo o documento, a taxa média de juros dos novos contratos aumentou de forma mais destacada no segmento de pessoas físicas com recursos livres.

"No que se refere à inadimplência, houve aumento nos atrasos do crédito livre, especialmente no segmento das famílias", disse o BC.

De acordo com o relatório, a expansão do crédito voltado para as pessoas físicas em 2022 ocorreu de forma heterogênea entre as regiões geográficas, com o Norte apresentando o maior crescimento e o Sudeste, o menor.

No segmento voltado às pessoas jurídicas, o ritmo de expansão do crédito em 2022 também foi heterogêneo, com a região Sudeste mais uma vez apresentando o menor avanço. A expansão do crédito para pessoas jurídicas em 2022 foi puxada pelas micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), disse o Banco Central.

Segundo o BC, a rentabilidade do sistema bancário brasileiro permaneceu em posição intermediária quando comparada a sistemas bancários de outros países ao longo de 2022. "A maioria dos países, inclusive o Brasil, manteve rentabilidade acima daquela obtida em 2020, ano em que houve o choque da pandemia", disse a instituição no relatório.

Enquanto isso, a concorrência nos mercados de crédito aumentou em 2022 para instituições financeiras dos segmentos bancário, de cooperativas e de instituições não bancárias, informou o BC.

O Banco Central disse ainda que, por meio de sua agenda estratégica, denominada Agenda BC#, "busca promover aprimoramentos no SFN com vistas à democratização financeira, serviços financeiros melhores e cada vez mais inclusivo". A Agenda BC# está organizada em cinco dimensões temáticas: inclusão, competitividade, transparência, educação e sustentabilidade.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

S&P 500 e Dow Jones batem recordes em meio a fortes resultados de bancos
Ibovespa fecha em queda descolado de NY com fiscal em foco; Vale sobe
STOXX 600 atinge pico em uma semana com foco em estímulos da China e balanços
ONS reduz previsão para reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste a 39,4% ao final de outubro
Dólar sobe na contramão do exterior com aversão a risco acentuada no Brasil
S&P 500 e Dow sobem com impulso de balanços de grandes bancos