Taxas futuras de juros caem no Brasil na esteira de dados econômicos fracos nos EUA

Publicado em 05/06/2023 16:53

Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros emplacaram nesta segunda-feira a quinta sessão consecutiva de baixa, com investidores no Brasil e no exterior reagindo a dados econômicos fracos nos EUA, que reduziram as apostas de novo aperto monetário pelo Federal Reserve.

Pela manhã, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) chegaram a subir, em reação ao avanço dos preços do petróleo no mercado internacional, após a Arábia Saudita anunciar cortes na produção da commodity em julho. A leitura era de que um petróleo mais elevado pressiona a inflação e pressupõe juros mais altos.

A divulgação de dados econômicos nos EUA, porém, alterou o cenário. As encomendas às fábricas norte-americanas aumentaram 0,4% em abril, após um ganho de 0,6% em março, informou o Departamento de Comércio. O percentual ficou abaixo do esperado pelos economistas consultados pela Reuters, que calculavam alta de 0,8%.

Já o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) disse que seu PMI do setor de serviços caiu para 50,3 no mês passado, de 51,9 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam 52,2.

Os dados fracos da economia norte-americana reduziram as preocupações com a inflação e as apostas de que, em sua reunião deste mês, o Fed elevará a taxa básica de juros, hoje na faixa de 5,00% a 5,25% ao ano.

Com isso, tanto as taxas dos Treasuries quanto as dos DIs migraram para o negativo pela manhã.

“Até por volta das 11h, os juros estavam com tendência de alta no Brasil. O mercado virou depois dos dados econômicos nos EUA”, pontuou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

Internamente, os agentes do mercado observaram algumas atualizações no relatório Focus, do Banco Central. O documento indicou ligeiras quedas nas expectativas de inflação para 2023 e 2024 e um aumento expressivo da estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 e uma queda na projeção para 2024. Os dados não fizeram preço na curva a termo.

Havia ainda expectativa pelos detalhes sobre o programa para baratear a aquisição de carros populares, ônibus e caminhões, a serem anunciados ainda nesta segunda-feira, segundo o Ministério da Fazenda.

Profissional ouvido pela Reuters pontuou que a precificação da curva a termo na sessão desta segunda-feira não sugeria nenhum desconforto dos investidores com eventuais impactos fiscais do programa.

À tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou de evento do setor de cooperativas de crédito no interior de Minas Gerais. Na ocasião, ele repetiu a avaliação de que os núcleos de inflação registram quedas bastante lentas. Segundo ele, há uma melhora na inflação, mas ela é lenta e o BC precisa insistir.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,155%, ante 13,205% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,3%, ante 11,474% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,585%, ante 10,798% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,555%, ante 10,775%.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava 4% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de junho e 96% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.No exterior, os rendimentos dos Treasuries de curto prazo seguiam em baixa.

Às 16:51 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dois anos --que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- estava em 4,4826%.

Fonte: Reuters

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