Rússia e China fecham acordos econômicos apesar de desaprovação do Ocidente

Publicado em 24/05/2023 08:17 e atualizado em 24/05/2023 08:57

Por Andrew Hayley

 

 

PEQUIM (Reuters) - O primeiro-ministro da Rússia assinou um conjunto de acordos com a China nesta quarta-feira durante viagem a Pequim, dizendo que os laços bilaterais estão em um nível sem precedentes, apesar da desaprovação do Ocidente sobre a relação entre os dois países conforme a guerra na Ucrânia se arrasta.

O primeiro-ministro Mikhail Mishustin --a autoridade russa de mais alto escalão a visitar Pequim desde que Moscou enviou milhares de suas tropas à Ucrânia em fevereiro de 2022-- conversou com o premiê chinês Li Qiang e deve se encontrar com o presidente Xi Jinping.

Com a guerra na Ucrânia em seu segundo ano e a Rússia sentindo cada vez mais o peso das sanções ocidentais, Moscou está se apoiando em Pequim, muito mais do que a China na Rússia, alimentando-se da demanda chinesa por petróleo e gás.

A pressão do Ocidente não deu sinais de diminuir, com as declarações do Grupo dos Sete no fim de semana destacando os dois países em uma infinidade de questões, incluindo a Ucrânia.

"Hoje, as relações entre a Rússia e a China estão em um nível sem precedentes", disse Mishustin a Li em sua reunião.

"Elas são caracterizadas pelo respeito mútuo pelos interesses um do outro, pelo desejo de responder conjuntamente aos desafios, que está associado ao aumento da turbulência na arena internacional e à pressão de sanções ilegítimas do Ocidente coletivo", disse ele.

"Como dizem nossos amigos chineses, a união torna possível mover montanhas."

Os memorandos de entendimento assinados incluem um acordo para aprofundar a cooperação em investimentos em serviços comerciais, um pacto sobre exportação de produtos agrícolas para a China e outro sobre cooperação esportiva.

As remessas de energia da Rússia para a China devem aumentar 40% este ano, e os dois países estão discutindo o fornecimento de equipamentos tecnológicos para a Rússia, informou a agência de notícias Interfax.

“Com as sanções contra a Rússia oferecendo novas oportunidades para a China, não é de surpreender que a China fique feliz em se envolver ativamente, se não proativamente, com a Rússia de forma econômica, desde que quaisquer relações que estabeleçam não acionem sanções secundárias contra a China”, disse Steve Tsang, diretor da Escola de Estudos Orientais e Africanos do China Institute, em Londres.

"A política da China em relação à guerra na Ucrânia é de 'declarar neutralidade, apoiar Putin e não pagar nenhum preço', e a visita a reafirma, particularmente o elemento de apoio a Putin", disse Tsang.

(Reportagem adicional de Ryan Woo, Lidia Kelly, Ethan Wang e John Geddie)

Fonte: Reuters

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