Ibovespa ensaia melhora com cena corporativa sob holofotes
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa mostrava melhora nesta sexta-feira após uma abertura mais negativa, buscando a sétima alta seguida, com Cogna chegando a disparar quase 13% após resultado acima do esperado nos primeiros meses do ano, enquanto com JBS desabava após prejuízo no primeiro trimestre.
Em um dia de noticiário corporativo intenso, incluindo uma batelada da balanços, também ocupava a atenção a decisão da Light de pedir recuperação judicial, fazendo suas ações despencarem mais de 19% no pior momento. Já Embraer era destaque positivo após contrato bilionário com a NetJets.
Às 10:59, o Ibovespa subia 0,32%, a 108.608,13 pontos, caminhando para um desempenho positivo na semana, o terceiro consecutivo. Na mínima, mais cedo, chegou a 107.496,89 pontos. O volume financeiro no pregão somava 5,2 bilhões de reais.
Do lado macroeconômico, estava no radar a desaceleração um pouco menor do que a esperada do IPCA em abril, mas ainda assim levando a taxa em 12 meses para 4,18%, a leitura mais baixa em 12 meses desde outubro de 2020.
Análise técnica do Itaú BBA diz que o Ibovespa sinaliza a esperança de que pode superar a forte barreira em 108.300 pontos.
"Caso essa região seja ultrapassada, iniciaremos uma tendência de alta, o que poderia levar o índice a patamares como 110.500, 114.900 e 121.600 pontos. Do outro lado, o primeiro suporte intraday está em 106.300 pontos", afirmaram os analistas em relatório enviado a clientes.
DESTAQUES
- JBS ON recuava 8,84%, a 15,77 reais, após a maior produtora global de carnes divulgar prejuízo líquido de 1,45 bilhão de reais no primeiro trimestre, versus lucro de 5,14 bilhão de reais um ano antes, com margens menores em todas as suas principais unidades de negócios por alta nos preços de grãos e sobre-oferta de proteínas, principalmente frangos e suínos. A JBS projeta início da recuperação da oferta de gado nos EUA neste ano.
- COGNA ON avançava 6,78%, a 2,52 reais, após mais do que dobrar o lucro líquido ajustado no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, para 117,7 milhões de reais, em resultado acima do esperado e que teve o desempenho da Kroton como principal destaque do período. Na máxima, chegou a 2,66 reais (+12,71%).
- LIGHT ON, que não está no Ibovespa, caía 13,55%, a 4,02 reais, após entrar com pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro, citando dívidas de cerca de 11 bilhões de reais, buscando contornar a vedação legal às concessionárias de energia elétrica de recorrer a esse regime. Na mínima, chegou a 3,76 reais (-19,14%). A companhia disse que recorreu à RJ após "pouquíssimos credores" aceitarem mediação.
- PETROBRAS PN subia 2,67%, a 26,11 reais, após reportar lucro líquido de 38,2 bilhões de reais no primeiro trimestre, queda de 14,4% ante o mesmo período do ano anterior, após um recuo expressivo nos preços globais do petróleo na mesma comparação. Ainda assim o desempenho superou expectativas no mercado.
- B3 ON avançava 2,82%, a 13,14 reais, conforme o balanço do primeiro trimestre mostrou lucro líquido recorrente de 1,2 bilhão de reais, um pouco acima da previsão de analistas, embora tenha representado um queda de 1,9% frente a igual período de 2022.
- EMBRAER ON subia 6,32%, a 18,16 reais. A fabricante de aviões anunciou na quinta-feira um novo contrato com a empresa privada de táxi aéreo NetJets para a aquisição de até 250 opções de jatos executivos de médio porte Praetor 500. E Embraer disse que o negócio está avaliado em mais de 5 bilhões de dólares e as entregas começam a partir de 2025.
- EZTEC ON caía 6,33%, a 15,09 reais, na sequência da divulgação do balanço do primeiro trimestre, que mostrou queda de 19,3% na receita líquida frente ao mesmo período do ano passado, enquanto o lucro cresceu 34%. A companhia reportou consumo de caixa de 60,8 milhões de reais, montante 64,4% menor do que um ano antes.
- CYRELA ON apurava declínio de 3,12%, a 16,15 reais, na esteira do balanço do primeiro trimestre, com lucro líquido de 164 milhões de reais, abaixo das previsões de analistas.
- MRV&CO ON ganhava 0,77%, a 9,18 reais, mesmo com o grupo imobiliário tendo lucro líquido no primeiro trimestre, contrariando expectativas do mercado que apontavam para prejuízo, em meio a um crescimento de vendas e preços de seu negócio de incorporação, que ajudaram a empresa a reduzir o consumo de caixa no período.
- LOCAWEB ON avançava 6,17%, a 6,54 reais, depois de reportar expansão de 59,7% no lucro líquido do primeiro trimestre, para 7,2 milhões de reais, com crescimento de receitas e margens no período.
- SABESP ON subia 5,7%, a 51,22 reais, após reportar lucro líquido de 747,2 milhões de reais no primeiro trimestre, queda de 23,4% em comparação com o mesmo período no ano anterior. A companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo também anunciou a aprovação de um plano de demissão voluntária.
- CARREFOUR BRASIL ON mostrava acréscimo de 2,65%, a 10,07 reais, tendo como pano de fundo anúncio pelo varejista de que iniciou negociações exclusivas com a gestora Barzel Properties para venda de cinco centros de distribuição e cinco lojas por cerca de 1,3 bilhão de reais.
- ENERGISA UNIT caía 1,15%, a 44,68 reais, um dia depois de divulgar lucro líquido ajustado recorrente de 287,6 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano, queda de 33,2% ano a ano. A companhia anunciou nesta sexta-feira uma redução de sua meta de adição de novas unidades de geração renovável ao portfólio para 600 megawatts-pico (MWp) até o final de 2026.
- EQUATORIAL ON cedia 0,35%, a 28,31 reais, conforme o lucro líquido ajustado do primeiro trimestre somou 287 milhões de reais, queda de 43,1% em relação ao visto em igual período de 2022. Já o Ebtida ajustado alcançou 2,27 bilhões de reais no período, alta de 57,7% na comparação anual.
- CPFL ENERGIA ON perdia 1,68%, a 31,62 reais, tendo no radar resultado do primeiro trimestre do ano, com crescimento de dois dígitos nas principais linhas do balanço, impulsionado por desempenhos positivos nas unidades de distribuição e geração de energia e pelos primeiros resultados da estratégia de recuperação no negócio de transmissão.