No Japão, Haddad levanta preocupação com situação econômica e seca na Argentina
Por Andrea Shalal
NIIGATA, Japão (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou nesta quinta-feira preocupação de que os desafios econômicos e a seca na Argentina possam afetar o "destino político" do país.
"Estamos preocupados porque essa situação pode afetar o destino político da Argentina", disse Haddad à secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, em reunião durante encontro de ministros das Finanças do G7 em Niigata, Japão.
Haddad disse que o Brasil está atento à situação na Argentina, onde a seca pode reduzir as exportações em 20%.
Falando com repórteres após a reunião, Haddad disse que levantou a questão com Yellen porque a Argentina precisa da ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI). Os Estados Unidos são os maiores colaboradores do credor global.
"A Argentina é um país muito importante no mundo e particularmente na América do Sul. A solução para a Argentina passa pelo FMI e, se Brasil e EUA estiverem juntos nesse apoio, pode facilitar muito para a Argentina", disse ele, contando com a ajuda de um intérprete.
O Japão, que detém a presidência rotativa do G7 este ano, convidou Brasil, Índia e Indonésia para participarem da reunião desta semana de ministros das Finanças e banqueiros centrais.
Questionado sobre comentários de Yellen em relação à China, Haddad afirmou que ela lhe garantiu que não tem objeções aos laços comerciais do Brasil com a China.
"Uma das primeiras coisas que a secretária deixou claro é que ela não tem nenhuma objeção aos acordos comerciais que o Brasil faz e com a aproximação do Brasil com a China em relação às parcerias estabelecidas", disse ele, acrescentando que manifestou o desejo do Brasil de se aproximar mais dos EUA.
Haddad ainda defendeu uma maior integração nas Américas, e que o uso de moedas locais deveria ser mais incrementado em acordos comerciais.
"O que o presidente Lula tem dito é que nas negociações bilaterais não precisaria necessariamente recorrer a uma moeda de um terceiro país para estabelecer acordos comerciais, e portanto o uso de moedas locais deveria ser mais incrementado", disse ele a repórteres.