Genial/Quaest mostra reversão de temor de recessão neste ano por agentes do mercado
SÃO PAULO (Reuters) - Pesquisa Genial/Quaest com agentes de mercado financeiro que atuam em fundos de investimentos mostrou nesta quarta-feira reversão dos temores de recessão econômica neste ano, com 60% dos entrevistados afirmando não ver risco de o país enfrentar o problema, ante 27% que pensavam assim em maio, ao passo que 40% receiam por uma recessão, contra 73% na pesquisa anterior.
De acordo com o levantamento do instituto Quaest, encomendado pela Genial Investimentos, caiu o percentual dos que veem a política econômica do país caminhando na direção errada, embora a esmagadora maioria ainda tenha essa avaliação, 90%, ante 98% na pesquisa anterior. Os que acham que está no caminho correto são 10%, eram 2%.
Além disso, houve melhora na avaliação que os agentes de mercado consultados fazem do desempenho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para 26% o trabalho de Haddad é positivo, ante 10% na pesquisa anterior. Ao mesmo tempo, 37% têm avaliação negativa, contra 38% em março, e 37% veem o ministro como regular, ante 52%.
Já no caso do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a pesquisa apontou que a esmagadora maioria dos agentes de mercado ouvidos manteve a avaliação negativa sobre seu governo, com 86% vendo-o de forma negativa, ante 90%, e 2% o enxergando positivamente, contra 0% na pesquisa anterior. A avaliação regular é de 12%, contra 10%.
Em meio às constantes críticas de Lula, Haddad, demais membros do governo e aliados do presidente à política monetária do Banco Central e ao atual patamar da taxa básica de juros --em 13,75% ao ano--, aumentou a percepção entre os agentes de que o governo não está preocupado com a inflação, com 80% manifestando esta visão, ante 68%, e 20% acreditando que há sim preocupação com a alta dos preços, ante 32%.
Além disso, 91% entendem que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros, Selic, no patamar atual foi correta, contra 95% na pesquisa anterior, ao passo que 9% discordam da decisão, ante 5%.
De acordo com o levantamento, 51% entendem que uma Selic de 13,75% ao ano é a taxa ideal para o país, ante 62% em março, enquanto 45% defendem uma taxa menor, ante 30%, e 4% acreditam que o ideal seria uma Selic maior, ante 8%.
Em média, os agentes do mercado financeiro ouvidos pela Quaest entendem que a taxa ideal seria de 12,47% ao ano, em março era 12,86%.
ARCABOUÇO FISCAL
A Quaest também indagou aos agentes de mercado sobre o texto da proposta de novo arcabouço fiscal apresentada pelo governo Lula, com 49% vendo-a como regular, 48% enxergando-a de forma negativa e apenas 3% manifestando avaliação positiva.
Ao mesmo tempo, 92% disseram acreditar que a proposta será aprovada pelo Congresso Nacional e somente 8% creem que não receberá o aval dos parlamentares.
A Quaest realizou 92 entrevistas online com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimento nos dias 4 a 8 de maio.
(Reportagem de Eduardo Simões)