Ibovespa recua com ajustes e cautela antes de decisões de juros
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista retornava com viés negativo do fim de semana prolongado por feriado, refletindo nesta terça-feira ajustes aos movimentos dos ADRs na véspera e cautela com a agenda da semana, que inclui decisões de juros nos Estados Unidos, zona do euro e Brasil.
Às 11:05, o Ibovespa caía 2,24%, a 102.090,77 pontos. A queda ocorre após acumular alta de 2,5% em abril. O volume financeiro nesta sessão somava 4,5 bilhões de reais.
Na segunda-feira, quando a B3 esteve fechada em razão do Dia do Trabalho, o EWZ - ETF brasileiro negociado em Nova York e um relevante índice de referência global para as ações brasileiras - caiu 0,81%.
Investidores também repercutiam na sessão decisão do governo brasileiro de taxar rendimentos no exterior de pessoas físicas no Brasil a partir do ano que vem, bem como de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), mas sem tirar do radar as negociações no Congresso da nova regra fiscal.
Estrategistas do BTG Pactual afirmaram que o ambiente de investimentos permanece sombrio no Brasil, mas que estavam começando o mês "cautelosamente otimistas".
Carlos Sequeira e equipe escreveram em relatório a clientes com as recomendações de ações para maio que, com o início da discussão do novo arcabouço fiscal no Congresso, esperam algumas melhorias no projeto de lei, especialmente em temas relacionados à aplicação de regras.
"Com as ações locais sendo negociadas com valuations extremamente descontados a aprovação da estrutura fiscal pode ter um impacto positivo marginal no preço dos ativos brasileiros.
Eles ainda acrescentaram que o provável fim do ciclo de alta dos juros pelo banco central dos Estados Unidos pode oferecer suporte extra para ações globais e de mercados emergentes.
O Federal Reserve inicia nesta terça-feira reunião de política monetária, com decisão prevista para a quarta-feira, que deve levar a taxa ao nível mais alto em quase 16 anos, mas pode sinalizar que o aumento será o último. O aumento esperado de 0,25 ponto percentual colocará a taxa na faixa de 5% a 5,25%.
O Banco Central no Brasil também anuncia decisão de política monetária na quarta-feira, enquanto o Banco Central Europeu divulga sua nova taxa de juros na quinta-feira. Nesta terça-feira, o banco central da Austrália elevou de forma inesperada os juros para 3,85%.
"Nesta semana, o foco será em importantes decisões de política monetária", afirmou a equipe da XP Investimentos.
Em Wall Street, enquanto investidores aguardam a decisão do Fed, o viés era negativo depois que a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que o governo norte-americano pode ficar sem dinheiro dentro de um mês.
O primeiro pregão de maio ainda traz uma nova composição do Ibovespa, com o retorno dos papéis da resseguradora IRB Brasil, enquanto as ações da concessionária de infraestrutura Ecorodovias, do grupo de saúde Qualicorp e do banco Pan foram excluídas.
Os próximos dias também serão marcados por uma série de divulgações de balanços de empresas brasileiras.
DESTAQUES
- LOJAS RENNER ON recuava 5,93%, a 14,9 reais, em meio a perspectivas ainda fracas para o desempenho da varejista, que reporta seu resultado dos primeiros três meses de 2023 na quarta-feira. "Esperamos ver mais um trimestre de fraco crescimento e perda de rentabilidade", afirmaram os analistas da Genial Investimentos. No setor, GRUPO SOMA ON perdia 4,68% e ALPARGATAS PN cedia 4,18%.
- CARREFOUR BRASIL ON caía 3,44%, a 10,38 reais, com analistas avaliando que fatores macroeconômicos devem continuar pesando no setor de varejo alimentar. A companhia também divulga balanço do período de janeiro a março após o fechamento do mercado nesta terça-feira. ASSAÍ ON mostrava declínio de 3,25% e GPA ON recuava 1,53%.
- VIBRA ON cedia 4,62%, a 12,59 reais. Analistas do BTG Pactual estimam que o resultado da distribuidora de combustíveis no primeiro trimestre do ano deve ser novamente afetado por eventos não recorrentes, incluindo perdas "consideráveis" em estoques relacionadas a cortes de preços pela Petrobras. Eles também preveem impacto negativo vinculado a importações feitas em dezembro mas contabilizadas em janeiro.
- SUZANO ON avançava 2,26%, a 40,7 reais, enquanto KLABIN UNIT tinha elevação de 1,2%, a 19,36 reais, entre as poucas altas do pregão, beneficiadas pela alta do dólar ante o real na sessão. O BTG Pactual também incluiu as ações da Suzano em sua carteira recomendada para maio.
- CIELO ON subia 2,01%, a 5,57 reais, também tendo como pano de fundo inclusão da ação da empresa de meios de pagamentos no portfólio recomendado pelo BTG para maio.
- VALE ON caía 3,84%, a 69,62 reais, acompanhando o movimento negativo de outras mineradoras em mercados no exterior.
- PETROBRAS PN recuava 3,25%, a 22,93 reais, em meio ao declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent caía 2,84%, a 77,06 dólares o barril.
- ITAÚ UNIBANCO PN trabalhava em baixa de 1,18%, a 25,6 reais, enquanto BRADESCO PN perdia 1,01%, a 13,71 reais.