Inflação na zona do euro aumenta, mas núcleo tem desaceleração inesperada
FRANKFURT (Reuters) - A inflação da zona do euro acelerou no mês passado, mas o crescimento do núcleo dos preços diminuiu inesperadamente, ampliando os argumentos de um aumento menor da taxa de juros na reunião de política monetária do Banco Central Europeu na quinta-feira.
A inflação desacelerou acentuadamente em relação às leituras de dois dígitos no final do ano passado mas continua muito alta, tornando necessário outro aumento de juros e deixando apenas seu tamanho para debate, com as autoridades do BCE divididos entre um movimento de 25 e 50 pontos-base.
O crescimento geral dos preços nas 20 nações que compartilham o euro acelerou para 7,0% em abril na base anual, ante 6,9% no mês anterior, informou a Eurostat nesta terça-feira, em linha com as expectativas em uma pesquisa da Reuters com economistas.
Mas o foco nos últimos meses tem recaido diretamente na inflação subjacente ou núcleo, um aumento surpreendente que sugere que as pressões de preços estão aumentando e que o BCE não tem um entendimento firme de para onde a inflação pode estar indo.
Excluindo os preços voláteis de alimentos e combustíveis, o núcleo da inflação desacelerou para 7,3%, de 7,5%, enquanto uma medida ainda mais estreita, que exclui álcool e tabaco, desacelerou para 5,6%, de 5,7%, ficando abaixo da projeção de 5,7% e marcando o primeiro declínio desde junho passado .
Em um acontecimento esperançoso para o BCE, a inflação de alimentos processados, álcool e tabaco desacelerou 1 ponto percentual, para 14,7%, sugerindo que uma reviravolta tão esperada nos preços dos alimentos pode estar acontecendo agora.
A pequena surpresa do núcleo da inflação ocorre no momento em que a pesquisa trimestral do BCE sobre empréstimos bancários aponta para uma queda excepcionalmente grande na demanda por crédito em meio a critérios de empréstimos mais rígidos, aumentando o argumento para um aumento menor nos juros.
O BCE elevou as taxas de juros em pelo menos 50 pontos-base em cada uma de suas últimas seis reuniões.
Algumas autoridades, incluindo o chefe do banco central francês, François Villeroy de Galhau, defenderam um movimento mais comedido este mês, argumentando que o BCE já elevou os custos dos empréstimos de forma acentuada o suficiente para restringir a economia.
Mas outros, incluindo a membro do conselho Isabel Schnabel, disseram que um movimento de 50 pontos-base precisa estar entre as opções porque o crescimento dos preços está se mostrando persistente, aumentando o risco de que possa se estabilizar acima da meta de 2% do BCE.
(Reportagem de Balazs Koranyi)