Pacheco diz que lerá requerimento para CPMI do 8/1 na próxima quarta

Publicado em 20/04/2023 14:10

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que vai ler no dia 26, próxima quarta-feira, o requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os ataques de 8 de janeiro.

Pacheco disse ainda que é preciso esclarecer os fatos que levaram à demissão do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Gonçalves Dias.

GDias, como é conhecido, caiu após a divulgação de imagens que o mostram circulando pelo Palácio do Planalto em meio aos ataques ao local em janeiro. A oposição usa o vídeo para inflamar os pedidos pela instalação da CPMI, onde pretendem insistir na tese de que o governo Lula facilitou os ataques dos apoiadores bolsonaristas em janeiro para faturar politicamente.

Para Pacheco, o caso envolvendo GDias, como é conhecido, não muda sua disposição de proceder à leitura do pedido de criação da comissão formada por deputados e senadores, ao argumentar que a CPMI preenche os requisitos para funcionar.

"Para efeitos da CPMI, não há mudança alguma, acho até que o governo deveria ter tido essa postura desde o início, uma postura que tive em afirmar a gravidade do 8 de janeiro, das consequências daqueles atos antidemocráticos e que era legítimo ao Parlamento fazer as investigações próprias relativamente a isso", disse ele, em entrevista para o LIDE Brazil Conference, em Londres.

Pacheco justificou não ter feito a leitura do requerimento na terça, dia 18, porque houve um pedido dos líderes da maioria da Câmara e do Senado para adiar a realização de uma sessão do Congresso para que, num encontro futuro, se pudesse apreciar também, além da questão da CPMI, o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o piso nacional da enfermagem.

Entretanto, nos bastidores, o senador atuou em linha com o governo para não realizar a sessão do Congresso na terça, mesmo diante de cobranças de parlamentares da oposição. Àquela altura, e antes da queda de GDias, o Palácio do Planalto e aliados ainda alimentavam a possibilidade de barrar a CPI com a eventual retirada de apoios.

O governo queria evitar a comissão de inquérito para não atrapalhar a agenda de reformas em meio à chegada do arcabouço fiscal ao Congresso, mas passou a publicamente apoiar após a saída na véspera do chefe do GSI.

Após a leitura do requerimento de criação da CPI por Pacheco, deputados e senadores terão até a meia-noite de quarta para manterem, retirarem ou mesmo acrescentarem novos apoios. A comissão só será efetivamente instalada se houver o apoio, após esse período, de ao menos 171 deputados e 27 senadores.

O presidente do Congresso disse que o caso que levou à saída do chefe do GSI tem de ser esclarecido, destacando que qualquer pessoa que tenha direta ou indiretamente contribuído para os "atos lesivos à democracia devem responder por esses atos", sejam cidadãos comuns que invadiram os prédios públicos ou autoridades lenientes e tolerantes.

Pacheco considerou que a demissão de Gonçalves Dias "evidentemente" não é algo desejável, mas ocorre na política.

GDias se tornou o primeiro auxiliar direto de Luiz Inácio Lula da Silva a deixar o gabinete no terceiro mandato.

(Reportagem de Ricardo Brito)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar abre com alta em linha com mercados emergentes
Vice do BCE indica corte de juros em setembro, com foco em previsões
Minério de ferro atinge mínima de 3 meses com perspectiva de demanda fraca da China
Kamala Harris se aproxima da indicação com apoio de delegados e fará campanha em Wisconsin
Acordo sobre plano do Brasil para taxar super-ricos está fora de cogitação no G20, dizem fontes alemãs
Ações da China registram maior queda em 6 meses por pressões econômicas