Dólar passa a subir e se aproxima de R$5 com ajustes e nova cautela fiscal
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar abandonou perdas iniciais e passou a subir nesta terça-feira, aproximando-se da marca psicológica de 5 reais, com operadores citando compras por parte de importadores após o tombo recente da moeda e retomada de posições defensivas com o ressurgimento de temores sobre o arcabouço fiscal.
Às 10:54 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,71%, a 4,9731 reais na venda, depois de abrir em queda. No pico do dia, a moeda norte-americana chegou a saltar 1,12%, a 4,9932 reais na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,58%, a 4,9785 reais.
"O dólar comercial abriu em queda... reflexo do crescimento do PIB chinês no primeiro trimestre deste ano, que veio acima do esperado. Entretanto, já na primeira hora de negócios passou a subir motivado por compra de importadores e movimento de recomposição de posições defensivas", disse Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora.
Agentes importadores costumam aproveitar níveis considerados "baratos" do dólar para ir às compras. Recentemente, a moeda norte-americana à vista tem operado nos patamares mais baixos desde junho do ano passado, em parte pelo alívio de temores sobre altas de juros no exterior, em parte pelo nível elevado da taxa Selic e pela redução de temores fiscais domésticos.
No entanto, investidores voltaram a adotar maior cautela em relação à nova regra fiscal proposta pelo governo depois que o jornal Folha de S. Paulo informou que foi inserida no texto uma lista de mais de dez itens que ficarão de fora do novo limite de gastos.
Segundo Márcio Rialba, analista de inteligência de mercado da Stonex, a notícia dessa exclusão "tira um pouco da credibilidade do programa" do governo para as contas públicas.
Investidores aguardam agora a entrega do texto da proposta do novo arcabouço fiscal ao Congresso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, prevista para esta terça.
O índice que compara o dólar a uma cesta de pares fortes caía cerca de 0,25% nesta manhã, depois que dados mostraram que o Produto Interno Bruto da China cresceu 4,5% nos primeiros três meses do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.
O resultado superou as previsões de analistas de uma expansão de 4,0% e marcou o crescimento mais forte em um ano, já que o fim das rígidas restrições contra a Covid aliviou empresas e consumidores afetados pelos problemas causados pela pandemia.
Segundo Riauba, esses dados tendem a jogar a favor do real, mesmo com a volta dos ruídos fiscais locais.