China encerra exercícios militares perto de Taiwan após praticar bloqueio e ataques de precisão
Por Ben Blanchard e Yimou Lee
TAIPÉ (Reuters) - A China encerrou três dias de exercícios militares em torno de Taiwan nesta segunda-feira, afirmando ter testado capacidades militares integradas em condições reais de combate, tendo praticado ataques de precisão e bloqueio à ilha que Pequim vê como sua.
A China anunciou os exercícios no sábado, depois que a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, voltou a Taipé após uma reunião em Los Angeles com o presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Kevin McCarthy.
A China nunca renunciou ao uso da força para colocar a ilha sob seu controle. O governo de Taiwan contesta fortemente as reivindicações da China e condenou os exercícios.
Os militares chineses disseram que “concluíram com sucesso” os exercícios e “testaram de forma abrangente” as capacidades de várias unidades em condições reais de combate.
"As tropas na operação estão prontas para lutar a qualquer momento, esmagando resolutamente qualquer forma de separatismo pela independência de Taiwan e interferência estrangeira", disse o Exército de Libertação do Povo em um comunicado.
A televisão estatal chinesa informou nesta segunda-feira que aeronaves, incluindo bombardeiro H-6 com capacidade nuclear armado com mísseis reais, e navios de guerra realizaram exercícios para "formar uma situação de bloqueio multidirecional que abrange uma ilha".
O Comando Oriental disse que o porta-aviões Shandong também participou de patrulhas de combate e mostrou caças decolando de seu convés.
Taiwan tem rastreado o Shandong desde a semana passada no Oceano Pacífico.
O Ministério da Defesa de Taiwan publicou um mapa nesta segunda-feira das 24 horas anteriores de atividades da força aérea chinesa. O mapa mostrou quatro caças J-15 chineses baseados em porta-aviões operando sobre o Oceano Pacífico a leste de Taiwan.
O ministério disse que até o meio da manhã desta segunda-feira havia avistado 59 aeronaves militares e 11 navios em Taiwan, e que o grupo do porta-aviões Shandong estava realizando exercícios no Pacífico Ocidental.
O Shandong conduziu operações aéreas em águas próximas às ilhas de Okinawa, no Japão, no domingo, informou o Ministério da Defesa do Japão nesta segunda-feira.
O Japão há muito se preocupa com as atividades militares da China na região, dada a proximidade das ilhas do sul do Japão com Taiwan.
A ilha de Okinawa, no sul do Japão, abriga uma importante base da força aérea dos EUA e, em agosto passado, quando a China organizou jogos de guerra para protestar contra a visita da então presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, a Taipé, mísseis chineses atingiram a zona econômica exclusiva do Japão.
A União Europeia também expressou preocupação na segunda-feira, dizendo que o status de Taiwan não deve ser alterado pela força, e que qualquer escalada, acidente ou uso da força teria enormes implicações globais.
Os Estados Unidos disseram que estão acompanhando de perto os exercícios da China.