Dólar engata 6° dia de queda frente ao real em sessão volátil por Ptax
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía frente ao real pelo sexto pregão seguido nesta sexta-feira, em sessão que deve contar com volatilidade devido ao fechamento da Ptax de fim de mês e trimestre, conforme investidores continuavam digerindo a proposta do novo arcabouço fiscal do Brasil e reagiam a dados de inflação dos Estados Unidos.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.
Segundo Guilherme Esquelbek, da Correparti corretora, essa disputa deve gerar "muita volatilidade" nesta sexta-feira, mas ele ponderou que os vendidos, que apostam na queda do dólar, pareciam se sobressair.
Às 10:28 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,34%, a 5,0804 reais na venda, movimento que vem depois de a moeda já ter acumulado baixa de 3,63% nas últimas cinco sessões.
Com esse tombo recente e considerando a cotação de fechamento da véspera, o dólar ficava a caminho de encerrar março em baixa de cerca de 2,5%, acumulando ainda queda de 3,4% no primeiro trimestre de 2023.
A baixa recente da moeda norte-americana também tem sido atribuída por alguns operadores ao amplo diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, que torna o real atraente para estratégias de "carry trade", que consistem na tomada de empréstimo em país de taxas baixas e aplicação desses recursos em praça mais rentável.
Na B3, às 10:28 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,28%, a 5,0835 reais.
Investidores continuavam digerindo nesta sexta a proposta do governo para o novo arcabouço fiscal, que terá uma trava para impedir que os gastos federais cresçam mais do que a arrecadação, mas contará também com um limite mínimo para a evolução das despesas, que crescerão sempre acima da inflação.
"Sem entrar no tecnicismo da regra, ela tem dividido os analistas, mas nossa visão é que um limite das despesas por meio da receita passada pode ajudar a conter gastos excessivos", disse a equipe da Guide Investimentos em nota a clientes.
Enquanto isso, Esquelbek, da Correparti, chamou a atenção para a leve alta do dólar no exterior, com seu índice frente a uma cesta de pares fortes avançando 0,14% após dados de inflação dos EUA.
O Departamento de Comércio dos EUA informou nesta sexta-feira que o índice PCE de inflação subiu 0,3% no mês passado, depois de acelerar 0,6% em janeiro. Nos 12 meses até fevereiro, o PCE acumula alta de 5,0%, após 5,3% em janeiro.