Ibovespa avança mais de 1% com atenções voltadas para nova regra fiscal

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa avançava nesta quinta-feira, chegando a superar 104 mil pontos na máxima, com as atenções voltadas para o anúncio do novo arcabouço fiscal pelo governo, que busca déficit zero no ano que vem e superávits em 2025 e 2026, assim como prevê que gastos primários só poderão crescer até 2,5% ao ano.

Às 11:29, o Ibovespa subia 1,32%, a 103.139,15 pontos, buscando a quinta sessão de alta consecutiva, endossado ainda por um ambiente favorável a ativos de risco no exterior. O volume financeiro somava 7,2 bilhões de reais.

Na máxima, mais cedo, chegou a 104.085,4 pontos, desacelerando os ganhos conforme foram sendo divulgados os detalhes da nova regra fiscal, que confirmou informações conhecidas na véspera, como a de que o crescimento da despesa não poderá superar 70% de alta da receita.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faz neste momento coletiva à imprensa sobre a nova regra fiscal na sede do ministério em Brasília. Mais cedo, ele disse que o novo arcabouço deve ser enviado para apreciação do Congresso Nacional na próxima semana.

Para Juliano Ferreira, economista-chefe da BGC Liquidez, há uma visão no mercado de que o anúncio em si é positivo porque pelo menos agora há uma regra. Mas, ao mesmo tempo, acrescentou, há detalhes que precisam ser melhor esclarecidos, incluindo o que ocorre no caso de não cumprimento das regras.

Ele avaliou ainda que as metas de primário estabelecidas pelo governo na proposta são muito ambiciosas. "Será necessário ter uma evolução de receita muito mais drástica para poder cumprir, dado que a despesa está vinculada", estimou, afirmando que ainda acompanhará a coletiva para entender melhor o plano.

Em Wall Street, o S&P 500 subia 0,63%, conforme temores de uma crise bancária diminuíam, com as ações de imóveis e tecnologia sensíveis aos juros liderando os ganhos antes de dados de inflação, que podem moldar a política monetária do Federal Reserve.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN subia 1,67%, a 24,36 reais, e BRADESCO PN era transacionada em alta de 1,39%, a 13,17 reais, em dia positivo para o setor como um todo, em meio a expectativas sobre um desfecho envolvendo uma âncora fiscal para o país. No seu Relatório Trimestral de Inflação, porém, Banco Central reduziu sua previsão de crescimento do crédito no país a 7,6% este ano, ante estimativa de 8,3% feita em dezembro.

- GOL PN avançava 5,68%, a 6,7 reais, e AZUL ON valorizava-se 4,02%, a 12,15 reais, embaladas pelo apetite a risco na bolsa paulista, com o setor de consumo como um todo apoiado pelo alívio na curva de juros na esteira do anúncio da nova regra fiscal do país. Entre as varejistas, VIA ON subia 4,84% e MAGAZINE LUIZA ON ganhava 3,58%.

- LOCAWEB ON tinha elevação de 6,24%, a 4,94 reais, beneficiada pela queda nos juros futuros, além de anúncio de programa de recompra de até 5 milhões de ações, ou 1,18% do total em circulação.

- USIMINAS PNA subia 6,3%, a 7,26 reais, também reagindo ao anúncio do grupo Ternium de que acertou um acordo com a Nippon Steel para assumir o grupo de controle da siderúrgica brasileira em uma transação que pode encerrar a influência de décadas do grupo japonês no comando de uma das maiores produtoras de aços planos do Brasil. No setor, CSN ON avançava 4,14% e GERDAU PN valorizava-se 1,98%.

- VALE ON mostrava acréscimo de 1,07%, a 81,37 reais, uma vez que os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian, na China, tiveram uma quarta sessão consecutiva de ganhos nesta quinta-feira, apoiados pela perspectiva de recuperação da demanda depois que o consumo de aço foi temporariamente limitado pelo tempo chuvoso em muitas regiões na semana passada.

- PETROBRAS PN cedia 0,04%, a 23,89 reais, em dia de oscilação modesta dos preços do petróleo no mercado externo.