Secretário de Política Econômica prevê corte da Selic em 2023 e diz que "quanto antes, melhor"
Por Luana Maria Benedito
(Reuters) - O Secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, disse nesta sexta-feira que espera um afrouxamento da política monetária "certamente este ano", e que, quanto antes ele vier, melhor para a atividade do país.
"É evidente que todos nós esperamos a melhoria das condições da restrição monetária o quanto antes. Certamente este ano, mas o quanto antes, melhor", disse Mello em entrevista à imprensa para comentar a atualização das projeções do Ministério da Fazenda para o PIB e a inflação.
A Secretaria de Política Econômica passou a prever um crescimento econômico de 1,61% em 2023, contra previsão de 2,10% feita em novembro pela gestão anterior da pasta, no governo Jair Bolsonaro. Já para a inflação medida pelo IPCA, a previsão da equipe econômica subiu a 5,31% em 2023, contra 4,60% da projeção feita em novembro.
O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Mesmo com a expectativa de que a meta oficial de inflação seja desrespeitada a ritmo mais intenso do que o esperado anteriormente neste ano, Mello afirmou que é possível haver uma redução da taxa Selic, atualmente em 13,75%, até o final de 2023.
"Não há nenhuma incompatibilidade entre... reduzir juros com a inflação acima da meta, não há. Porque a inflação está acima da meta hoje, e a política monetária não atua hoje, ela atua com defasagem", argumentou o secretário.
Segundo Mello, a projeção menor de crescimento não afeta, tampouco, o objetivo do governo de reduzir o déficit primário do governo central de 2023 para perto de 1% do PIB, ante uma estimativa no início do ano de um rombo de 2,16% do PIB.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem atacado repetidamente o patamar dos juros básicos brasileiros, argumentando que uma Selic alta demais prejudicará o crescimento econômico e ameaçará o mercado de crédito.
De fato, Mello disse nesta sexta-feira que o cenário de aperto monetário nos Estados Unidos e no Brasil tem impacto sobre os mercados financeiro e de crédito domésticos, e chegou a atribuir a crise da Americanas ao rápido ciclo de aperto monetário do BC.
O secretário disse que o governo tem dado grande atenção ao mercado de crédito e quer reintegrar as famílias de baixa renda ao setor. Segundo ele, isso será viabilizado pelo programa de renegociação de dívidas Desenrola, que ainda não foi lançado pelo governo.
(Com reportagem adicional de Bernardo Caram)