Argentina deve manter taxa de juros em 75% em março, diz fonte do Banco Central
Por Jorge Otaola
BUENOS AIRES (Reuters) - O Banco Central da Argentina deve manter sua taxa básica de juros em 75% neste mês, apesar da inflação anual se aproximando de 100%, disse à Reuters uma fonte do banco com conhecimento das discussões nesta sexta-feira.
Isso marcaria o sexto mês consecutivo de manutenção da taxa Leliq de 28 dias inalterada depois que o Banco Central interrompeu um longo ciclo de aperto em outubro do ano passado.
A taxa se traduz em cerca de 107% em uma base anualizada, disse a fonte, consultora do BC argentino, acrescentando que, por enquanto, isso tem reduzido a pressão para aumentar as taxas de juros, apesar da inflação.
"Ainda mantém a taxa positiva em relação à inflação", disse a pessoa. "Se a inflação continuar pressionada, em abril ela (taxa de juros) pode subir para ajudar a esfriar a economia, mas é uma análise semana a semana", disse a fonte.
Um porta-voz do banco não respondeu a um pedido de comentário.
A Argentina está enfrentando uma inflação alta, baixas reservas em moeda estrangeira e rígidos controles de capital que distorcem o valor da moeda local. Sua produção de grãos, crucial para a economia, também está sendo prejudicada pela seca.
O Banco Central elevou a taxa de referência durante todo o ano passado para 75% em setembro, a partir de 38% no início de 2022.
"Também acredito que o banco central estará inclinado a manter a taxa de referência em março, aproveitando a calmaria do câmbio", disse o economista local Gustavo Ber.
"Mas possivelmente no futuro ele retomará o reajuste se a inflação continuar acelerando."
Na terça-feira, o governo divulgará os dados da inflação de fevereiro, que deve ficar em torno de 6% no mês.
A Argentina realizará eleições presidenciais no final deste ano e vem tentando melhorar o perfil de sua dívida com grandes trocas de dívida local para adiar os pagamentos.