Dólar tem vaivém frente ao real de olho combustíveis; Ptax impõe volatilidade
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar alternava altas e baixas nesta terça-feira, com investidores ainda digerindo notícias de retorno da cobrança de impostos federais sobre combustíveis, em sessão de maior volatilidade devido à disputa pelo fechamento da taxa Ptax do fim de fevereiro.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar, uma "briga" que costuma elevar a instabilidade das negociações.
Às 10:13 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,02%, a 5,2084 reais na venda. A divisa oscilou entre 5,2527 reais na máxima (+0,87%) e 5,1940 reais na mínima do dia (-0,25%).
Na B3, às 10:13 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,02%, a 5,2070 reais.
O Ministério da Fazenda informou nesta segunda-feira que o governo vai retomar a cobrança de impostos federais sobre combustíveis nesta semana após o final do prazo da desoneração para gasolina e etanol, que se encerra no fim de fevereiro.
"Os agentes financeiros avaliam a notícia como a primeira vitória do ministro Fernando Haddad sobre a ala política do atual governo, em meio às indefinições ainda pendentes sobre a nova regra de gastos para o país", disse a XP em nota.
Como Haddad é visto como mais fiscalmente moderado do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vários de seus apoiadores, o mercado enxerga com bons olhos o desfecho sobre a reoneração dos combustíveis.
O ministro da Fazenda deve apresentar em março um novo plano de arcabouço fiscal para o país, e os mercados aguardam para saber se a proposta terá mais peso das opiniões de Haddad ou da chamada "ala política" do governo.
Enquanto isso, no exterior, o índice do dólar contra uma cesta de partes fortes caía cerca de 0,1% nesta manhã, com o foco de investidores ainda no processo de aperto monetário do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve.
No mês, o dólar caminhava para registrar alta de cerca de 2,6% frente ao real, em parte refletindo temores globais de que os juros subam de forma exagerada nos EUA, mas também em reação a críticas de Lula à conduta da política monetária pelo Banco Central e ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%.
Na véspera, o dólar negociado no mercado interbancário fechou cotado a 5,2071 reais, em alta de 0,16%.
(Edição de Flávia Marreiro)