China diz que EUA lançaram balões de alta altitude em seu espaço aéreo
WASHINGTON (Reuters) - A China disse nesta segunda-feira que balões de alta altitude dos Estados Unidos sobrevoaram seu espaço aéreo sem permissão mais de 10 vezes desde o início de 2022, provocando uma rápida negativa de Washington.
A acusação da China ampliou uma disputa com os EUA que começou no fim de semana passado depois que os militares norte-americanos derrubaram o que dizem ser um balão de espionagem chinês. O caso fez com que o diplomata norte-americano Antony Blinken cancelasse uma viagem a Pequim que mirava aliviar as tensões.
"Desde o ano passado, balões de alta altitude dos EUA realizaram mais de 10 voos ilegais no espaço aéreo chinês sem a aprovação dos departamentos chineses relevantes", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, a jornalistas Pequim, após ser questionado.
Wang não descreveu especificamente os balões como militares ou para fins de espionagem. Ele não deu mais detalhes.
A Casa Branca negou prontamente a acusação da China, classificada pela porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adrienne Watson, como um esforço de Pequim para controle de danos.
"Qualquer alegação de que o governo dos EUA opera balões de vigilância sobre a RPC (República Popular da China) é falsa", disse ela em comunicado.
"É a China que tem um programa de vigilância com balão de alta altitude para coleta de informações, ligado ao Exército de Libertação Popular, que tem usado para violar a soberania dos EUA e de mais de 40 países nos cinco continentes", afirmou.
A China não ofereceu "qualquer explicação confiável" para as invasões, acrescentou ela.
Mais cedo, John Kirby, porta-voz de segurança nacional, disse em entrevista na televisão: "Simplesmente não é verdade. Não estamos voando em balões sobre a China."
O Departamento de Defesa dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A afirmação da China ocorre após os EUA derrubarem o que chamaram de balão de vigilância chinês na costa do Estado norte-americano da Carolina do Sul em 4 de fevereiro, depois de o objeto ter atravessado o território continental dos EUA por dias.
A China disse que o balão era uma nave de pesquisa civil que erroneamente saiu do curso. O país acusou os EUA de exagero na reação.
Nos últimos dias, militares dos EUA derrubaram três outros objetos voadores na América do Norte, o mais recente no domingo, quando um objeto octogonal foi abatido quando sobre o Lago Huron, afirmou o Pentágono.
Wang disse não ter informações sobre os últimos três objetos abatidos pelos EUA.
(Reportagem de Martin Quin Pollard em Pequim, Doina Chiacu, em Washington)