A economia Biden: inflação em declínio, empregos recordes, incerteza persistente
Por Howard Schneider e Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - Joe Biden fala à nação esta noite em um momento de desemprego em mínima recorde, salários em alta e temores de recessão diminuindo - fatos que o presidente dos Estados Unidos provavelmente divulgará como um sinal de que seus planos econômicos estão funcionando na esteira da pandemia de Covid-19.
Mas há questões econômicas prementes, principalmente a necessidade de suspender o limite estatutário da dívida que, ao extremo, pode fazer com que o governo dos EUA pare de pagar suas contas.
E fervendo nos bastidores há uma disputa ainda não resolvida do Federal Reserve para controlar a inflação que pode representar o maior risco pendente para a economia de Biden e sobre a qual a Casa Branca tem pouca influência.
Biden fará o discurso anual do Estado da União em uma sessão conjunta do Congresso na noite desta terça-feira, seu segundo discurso como presidente e o primeiro desde que o Partido Republicano assumiu por estreita margem o controle da Câmara dos Deputados após as eleições de novembro.
O clima geral ainda é misto, relatam economistas e pesquisas de opinião, com os índices de aprovação de Biden oscilando em torno de 40%. Os consumidores estão "conciliando anúncios de demissões com números recordes de empregos, inflação que está cedendo, mas os preços permanecem elevados", disse John Leer, economista-chefe da Morning Consult.
Em seu discurso, Biden tem que encontrar um equilíbrio, afirmou Brian Gardner, estrategista de Washington da empresa de investimentos Stifel.
Apesar do emprego positivo e de outras tendências, "as pessoas ainda estão ansiosas e você não pode ser surdo a isso", depois de um ano em que os preços subiram no ritmo mais rápido em 40 anos e os aumentos agressivos dos juros pelo Federal Reserve colocaram as hipotecas imobiliárias e outros créditos fora do alcance para algumas famílias.
GASOLINA E INFLAÇÃO CAEM
No geral, dados econômicos dos últimos meses foram favoráveis ao presidente, principalmente depois que a inflação atingiu um pico em 40 anos e relatórios do governo mostraram que a economia dos EUA poderia estar entrando em recessão.
O índice de preços ao consumidor caiu de uma taxa anual de quase 9% em junho para menos de 6,5% em dezembro.
Os preços da gasolina, que atingiram 5 dólares o galão durante o verão (no hemisfério norte), ficaram abaixo de 3,50 dólares esta semana. A confiança do consumidor e as perspectivas de inflação das famílias melhoraram.
PIB E EMPREGO SOBEM
Após um início morno em 2022, a economia dos EUA acabou crescendo mais de 2% no ano, após um segundo semestre mais forte do que o esperado, levando empresas como o Goldman Sachs a reduzir o risco percebido de uma desaceleração.
A inflação, enquanto isso, não teve até agora impacto correspondente no crescimento do emprego ou na taxa de desemprego.
A economia criou uma média de meio milhão de empregos por mês nos primeiros dois anos da Presidência de Biden, quase o triplo do ritmo visto antes da crise da saúde - e 4,8 milhões apenas em 2022. Os 571.000 postos de trabalho adicionados em janeiro mostraram força contínua inesperada e colocam a economia dentro de alguns meses de potencialmente retornar o nível de emprego à sua tendência pré-Covid.