Reuters: Haddad diz que Copom poderia ter sido "um pouco mais generoso" com medidas adotadas pelo governo

Publicado em 07/02/2023 08:10

Por Victor Borges

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central poderia ter sido mais "generoso" com as medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo, e voltou a defender uma harmonização entre a política fiscal e a política monetária.

"Eu penso que a nota (do Copom) poderia ser um pouco mais generosa com as medidas que nós já tomamos. Então, eu entendo que nós vamos, como eu disse já várias vezes, harmonizar a política fiscal com a política monetária. Uma ajuda a outra. A política fiscal ajuda a política monetária. Mas não podemos nos esquecer que a política monetária ajuda a política fiscal. Então, é como se fosse um organismo com dois braços que têm que trabalhar juntos em proveito do mesmo objetivo", disse Haddad a jornalistas.

"Nós estamos herdando do governo anterior uma situação fiscal delicada, e eu acho que o que o Banco Central disse faz mais referência ao legado do governo anterior do que as providências que estão sendo tomadas por esse governo", acrescentou.

Na primeira reunião do Copom após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central decidiu na semana passada manter a Selic em 13,75% ao ano e ressaltou que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas elevam o custo para que a autoridade monetária atinja suas metas.

A decisão foi tomada após críticas de Lula à condução da política monetária e em meio a um ambiente de alta nas expectativas para a inflação e piora nas projeções para a taxa básica de juros.

Mais cedo nesta segunda, Lula voltou a criticar o BC e disse ser uma "vergonha" a explicação do Copom para ter mantido a taxa de juros inalterada.

Lula tem criticado a independência formal do Banco Central --chegando a afirmar que poderá rever o tema ao término do mandato do atual presidente Roberto Campos Neto, em 2024--, assim como o patamar da taxa de juros e a atual meta de inflação, que ele considera baixa demais.

O mercado financeiro tem reagido mal a essas falas do presidente e ao que enxerga como falta de compromisso fiscal do governo, e costuma responder com a elevação dos juros futuros.

Na entrevista a jornalistas, Haddad também afirmou que debateu "nomes técnicos" com o presidente do Banco Central para ocupar o cargo de diretor de Política Monetária da instituição e que irá submetê-los a Lula.

A substituição do atual diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, está sendo vista como um importante termômetro da relação do novo governo com o BC. A nomeação do diretor cabe ao presidente, e a indicação precisa passar pela aprovação do Senado.

Haddad também afirmou que a reforma tributária tem o objetivo maior de dar segurança jurídica e transparência para o Orçamento.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Brasil e EUA farão anúncio sobre aproximação em transformação ecológica, diz Haddad
S&P e Nasdaq fecham nos menores níveis em várias semanas pressionados por Tesla e Alphabet
Dólar fecha no 2º maior valor do ano em mais um dia de pressão para emergentes
Ibovespa tem queda discreta com petroleiras atenuando pressão de Wall St
Taxas de juros futuros voltam a subir com alta do dólar e dos rendimentos dos Treasuries
Receita do setor de mineração do Brasil cresce 8% no 1º semestre