Indústria do Brasil fica estagnada em dezembro e fecha 2022 com perdas de 0,7%

Publicado em 03/02/2023 10:07

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - A produção industrial brasileira registrou estagnação em dezembro e encerrou 2022 com queda acumulada no ano, indicando que deve seguir patinando em 2023 diante dos juros elevados, das incertezas econômicas e do crescimento global fraco.

O resultado de dezembro ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, e deixa o setor 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia da Covid-19 (fevereiro de 2020) e 18,5% abaixo do nível recorde da série, de maio de 2011.

Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que, em relação ao mesmo mês do ano anterior, o setor apresentou recuo de 1,3% na produção, contra expectativa de retração de 1,1%.

Assim, o setor, que vem apresentando mais dificuldade de recuperação, fechou o ano com perdas acumuladas de 0,7%, depois de avançar 3,9% em 2021 e de contrair 1,1% em 2019 e 4,5% em 2020 (-4,5%).

O gerente da pesquisa, André Macedo, destaca que a indústria tem comportamento predominantemente negativo nos últimos anos, lembrando que o crescimento de 2021 tem relação direta com a queda significativa de 2020 por conta do início da pandemia.

Depois de alguns resultados positivos no início do ano com ajuda de incentivos do governo ao setor e à renda, a indústria passou a mostrar fraqueza no segundo semestre, passando a sentir com mais intensidade o aperto monetário que tirou a taxa básica de juros Selic de 2% para os atuais 13,75%.

“Também há influência do aumento nas taxas de inadimplência e de endividamento. E o mercado de trabalho, que embora tenha mostrado clara recuperação ao longo do ano, ainda se caracteriza pela precarização dos postos de trabalhos gerados”, afirmou Macedo.

O cenário para 2023, além dos custos de empréstimos elevados, inclui ainda a perspectiva de crescimento global mais fraco, e incertezas ao menos por enquanto sobre a condução da política econômica.

Em dezembro, as influências positivas de maior destaque vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,4%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (9,1%). Por outro lado, apresentaram queda produtos alimentícios (-2,6%) e metalurgia (-5,1%).

Entre as categorias econômicas, somente a fabricação de Bens Intermediários recuou, a uma taxa de 2,1%, enquanto Bens de Capital avançaram 1,8% e Bens de Consumo tiveram ganho de 2,2%.

Já no ano de 2022 o recuo teve como maior influência as perdas de 3,2% do setor de indústrias extrativas, puxado pelo minério de ferro.

Todas as grandes categorias econômicas tiveram resultados negativos no acumulado do ano passado: Bens Intermediários de 0,7%, Bens de Capital de 0,3% e Bens de Consumo de 0,8%.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Arthur Lira acena para avanço de projetos sobre “Reciprocidade Ambiental”
CMN amplia prazo para vencimento de crédito rural em cidades do RS atingidas por chuvas
Ibovespa fecha em alta à espera de pacote fiscal; Brava Energia dispara
Macron e Biden dizem que acordo de cessar-fogo no Líbano permitirá retorno da calma
Fed cita volatilidade e dúvidas sobre taxa neutra como motivos para ir devagar com cortes, diz ata
Gabinete de segurança de Israel aprova acordo de cessar-fogo com o Líbano
undefined