BC mantém Selic em 13,75% e destaca custo maior para levar inflação às metas
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - Na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central decidiu nesta quarta-feira manter a Selic em 13,75% ao ano e ressaltou que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas elevam o custo para que a autoridade monetária atinja suas metas.
"A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária", informou o comunicado da reunião do Copom.
"Tal conjuntura eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional", acrescentou.
A manutenção da taxa básica de juros pela quarta reunião consecutiva foi decidida por unanimidade pela diretoria do BC e está em linha com a expectativa do mercado, de acordo com pesquisa Reuters, segundo a qual todos os 30 economistas consultados esperavam continuidade da Selic no mesmo nível.
Com a decisão, o BC manteve a Selic a um patamar 11,75 pontos acima da mínima histórica de 2% ao ano, atingida em meio à pandemia de Covid-19 e que vigorou até março de 2021. A taxa básica segue no nível mais alto desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano.
O primeiro encontro do Copom após uma troca de governo com um Banco Central formalmente autônomo ocorreu após críticas de Lula à condução da política monetária e em meio a um ambiente de alta nas expectativas para a inflação e piora nas projeções para a taxa básica de juros.
A opção pela manutenção da Selic ocorreu horas após o Banco Central dos Estados Unidos ter anunciado uma elevação em sua meta de juros em 0,25 ponto percentual, além de prometer "aumentos contínuos" nos custos de empréstimos como parte de sua batalha ainda não resolvida contra a inflação.