Operações da Vale de minério são impactadas no 1º tri com chuvas sazonais, dizem analistas
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A produção e a venda de minério de ferro pela Vale deverão cair no primeiro trimestre deste ano, como resultado de chuvas sazonais em importantes ativos da companhia, com os embarques ao Norte potencialmente recuando em cerca de 30% ante o trimestre anterior, disseram analistas do BTG Pactual em relatório a clientes.
A fraqueza na oferta, segundo os analistas, ocorre em um momento de reaceleração da demanda chinesa, que deve sustentar os preços do minério de ferro na faixa de 110-130 dólares por tonelada, ou mais, segundo os analistas.
Analistas do UBS afirmaram também em relatório que as chuvas nas operações da Vale de Minas Gerais diminuíram na quarta semana de janeiro, embora ainda elevadas em relação à média histórica. A precipitação no Sistema Norte, por sua vez, também diminuiu no final de janeiro, mas deve aumentar no início de fevereiro.
"O Inmet projeta que a precipitação total perto da operação da Vale no Pará mais que dobrará, possivelmente ultrapassando os 80 mm acumulados, antes de diminuir na segunda semana de fevereiro", disse o UBS.
Ambos os relatórios vieram após a Vale publicar na véspera uma queda de 1,6% da produção de minério de ferro em 2022 ante o ano anterior, para 307,79 milhões de toneladas, abaixo da previsão de 310 milhões traçada para o período.
A Vale também apresentou produção por volta do mínimo programado para o ano em diversos dos seus produtos, destacou o BTG, em meio a atrasos em licenciamentos no Sistema Norte e avanço mais lento da produção da importante mina S11D, no Pará.
"Embora entendamos que alguns desses contratempos estão fora do controle da administração (exógenos), acreditamos que a empresa levará alguns trimestres para recuperar totalmente a confiança do investidor", disseram os analistas do BTG.
A empresa prevê produzir entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas em 2023, mesmo intervalo previsto anteriormente para o ano passado, destacou o BTG, pontuando ainda que "todo o crescimento da receita virá de ganhos de preços".
(Por Marta Nogueira)