EDP Brasil pode vender participação na térmica do Pecém, diz CEO
Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A EDP Brasil poderá vender uma participação na usina termelétrica a carvão do Pecém (CE), mas a companhia deverá permanecer como acionista e operadora técnica do ativo até 2027, quando expiram os contratos atuais da usina, disse nesta quarta-feira o CEO da elétrica, João Marques da Cruz.
"Estamos, como sempre, atentos ao mercado... Se houver oportunidades de vendermos algumas ações dessa usina, podemos encarar essa possibilidade, mas não há nenhuma decisão tomada, não é um ativo em venda nesse momento", afirmou a jornalistas após participação em evento do Credit Suisse.
Na semana passada, a EDP anunciou que fará uma baixa contábil de 1,2 bilhão de reais relacionada à usina, após uma reavaliação do ativo diante do cancelamento de leilão de reserva de capacidade previsto para 2022, no qual a companhia planejava renovar contratos do empreendimento.
Instalada no complexo industrial e portuário do Pecém, a termelétrica tem 720 megawatts (MW) de capacidade instalada e é movida a carvão mineral. Segundo a EDP, o projeto da usina foi pensado para minimizar impactos ambientais, com uso de alta tecnologia para tornar o processo mais limpo e eficiente.
A termelétrica também é palco de um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de hidrogênio verde. A EDP investiu 42 milhões de reais para instalar no local uma planta piloto de hidrogênio verde, que produziu sua primeira molécula do combustível renovável no fim do ano passado.
A EDP Brasil, assim como outras empresas, assumiu compromissos de reduzir suas emissões de carbono. Atualmente, a companhia tem como meta desconsolidar ativos a carvão de seu portfólio até 2025.
Ainda nesta quarta-feira, Cruz disse que a EDP Brasil estudará a oportunidade de aquisição da distribuidora de energia do Ceará, que deverá ser colocada à venda pela italiana Enel .
"É nossa obrigação olhar todos os ativos de distribuição, como olhamos a Enel Goiás... Mais do que olhar, depende da análise que fizermos no momento próprio, esse processo ainda não começou", comentou.
A Enel anunciou no ano passado sua intenção de alienar o controle da distribuidora cearense, assim como fez com a concessionária de Goiás, em um movimento para concentrar esforços em distribuição de energia nas áreas metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro.
(Por Letícia Fucuchima)