Ibovespa fecha quase estável em dia de ajustes e deve encerrar janeiro no azul
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou quase estável nesta segunda-feira, em mais uma sessão de ajustes, com Raízen entre as maiores quedas após venda de participação de acionista, enquanto Arezzo&Co capitaneou as altas apoiada em perspectivas favoráveis de curto e longo prazos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,04%, a 112.273,01 pontos, após oscilar entre a mínima de 111.823,63 pontos e a máxima de 112.920,30 pontos. O volume financeiro somou 20,8 bilhões de reais.
Uma agenda relevante nesta semana, incluindo decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, corroborou o tom mais comedido nos negócios, enquanto agentes financeiros também continuam avaliando os sinais enviados pelo novo governo, principalmente no campo fiscal.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira ver uma enorme oportunidade na agenda fiscal, com reforma tributária e novo arcabouço, destacando que a questão fiscal é pressuposto do desenvolvimento econômico.
A temporada de balanços trimestrais também está no radar dos investidores nesta semana, com números das BigTechs Amazon, Apple, Alphabet e Meta nos Estados Unidos, enquanto, no Brasil, Santander Brasil divulga seu resultado na quinta-feira, antes da abertura.
Para o diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, o movimento nesta segunda-feira reflete realização de lucros, uma vez que janeiro foi um mês "muito bom". No Brasil, o Ibovespa acumula elevação de 2,31% no mês, mas chegou a se aproximar dos 115 mil pontos no último dia 26.
Operadores e analistas têm atribuído essa performance principalmente ao fluxo de capital externo para as ações brasileiras. Dados da B3 até o dia 26 referendam tal premissa, uma vez que mostram as compras por estrangeiros superando as vendas em 9,9 bilhões de reais em 2023.
Campos ainda chamou a atenção para a "super quarta", com decisões do Federal Reserve nos EUA e do Copom no Brasil, e para a "super quinta", com reuniões dos bancos centrais da zona do euro e da Inglaterra, como componentes que ajudam a frear posições mais agressivas no mercado.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em baixa de mais de 1%.
DESTAQUES
- RAÍZEN PN caiu 4,97%, a 3,25 reais, após "block trade" para a venda de cerca de 330 milhões de ações (24,32% dos papéis em circulação no mercado), a 3,15 reais cada. Em relatório, analistas da XP afirmaram que o leilão era para a Hédera, do Grupo Louis Dreyfus, ex-controlador da Biosev, vender sua participação integral na joint venture entre Shell e Cosan. Eles ponderaram que precisa ser esclarecido se a razão por trás da venda é por preocupações macro, como incertezas relacionadas à política de preços da Petrobras, ou algo específico envolvendo a companhia.
- AREZZO&CO ON avançou 6,36%, a 88,11 reais, e GRUPO SOMA ON valorizou-se 2,52%, a 10,17 reais. Analistas do BTG Pactual reiteraram recomendação de "compra" para ambas, em amplo relatório do setor de varejo de vestuário e calçados, afirmando que são, em conjunto com Track&Field, as principais recomendações estruturais da casa no setor. Eles enxergam nas três forte impulso de curto prazo, exposição à recuperação mais rápida do consumo por famílias de alta renda, propostas omnicanal e sólidas perspectivas de crescimento da longo prazo. TRACK&FIELD ON, que não está no Ibovespa, subiu 0,45%. Em contrapartida, os analistas cortaram a recomendação de C&A ON, que fechou em baixa de 7,07%, a 2,89 reais.
- CVC BRASIL ON desabou 14,4%, a 4,4 reais, em dia de correção após avançar cerca de 23% na semana passada. A operadora de turismo divulgou na sexta-feira, após o fechamento, que encerrou as negociações para compra das operações da startup de turismo Ōner Travel.
- NATURA&CO ON subiu 5,49%, a 13,65 reais, disparando a 14,94 reais no melhor momento, após notícia da Bloomberg de que a LVMH e a L'Oréal estão entre as empresas que avaliam uma oferta pela Aesop, controlada pela brasileira e avaliada em 2 bilhões de dólares ou mais, segundo a reportagem. Analistas do Citi destacaram que uma avaliação mais alta para a Aesop pode gerar um sentimento positivo para Natura&Co. Eles estimam que uma venda de participação de 25%, assumindo dívida líquida zero, nesse "valuation" ajudaria a reduzir a relação dívida líquida/Ebitda pro forma do grupo para 2 vezes. Em relatório com análise gráfica, o Itaú BBA disse ser "um bom momento de embolsar os ganhos" de operação de compra sugerida no último dia 24 após a ação atingir nesta sessão a região de 14,50 reais. A cotação na abertura da operação era de 13,13 reais.
- CIELO ON recuou 4,78%, a 4,98 reais, após atingir no último pregão uma máxima intradia desde 9 de novembro do ano passado, a 5,45 reais. No ano passado, a ação subiu 142%.
- MAGAZINE LUIZA ON fechou em baixa de 3,75%, a 4,36 reais, com agentes financeiros colocando no bolso parte dos ganhos acumulados no mês até a véspera, de mais de 65%, com o papel impulsionando pelos problemas contábeis envolvendo a Americanas, que culminaram com o pedido de recuperação judicial da rival. Analistas veem o Magalu ganhando participação de mercado. No setor, VIA ON cedeu 2,48%, enquanto AMERICANAS ON, que não está mais no Ibovespa, avançou 20,83%, a 1,45 real. Antes do anúncio sobre as inconsistências contábeis, a ação era negociada a 12 reais.
- VALE ON perdeu 0,36%, a 94,98 reais, mesmo com os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian ampliando os ganhos após o feriado de Ano Novo Lunar na China e subindo mais de 3% para uma máxima do contrato nesta segunda-feira.
- ITAÚ UNIBANCO PN terminou com variação positiva de 0,04%, a 24,94 reais, e BRADESCO PN subiu 0,51%, a 13,79 reais, em meio a perspectivas pouco animadoras relacionadas à temporada de balanços do último trimestre de 2022, bem como previsões das instituições para 2023. Analistas do Itaú BBA cortaram a recomendação das ações do Bradesco para "underperform", com preço-alvo de 14 reais, prevendo uma "tempestade perfeita" para os resultados do banco em 2023 e 2024. No setor, BANCO DO BRASIL ON ganhou 1,57% e SANTANDER BRASIL UNIT encerrou com decréscimo de 0,45%.
- PETROBRAS PN avançou 0,51%, a 25,75 reais, buscando alguma recuperação após cair 2,8% na semana passada, apesar da queda dos preços do petróleo no mercado internacional nesta sessão. Investidores continuam monitorando os movimentos do novo presidente da companhia, Jean Paul Prates, que afirmou nesta segunda-feira que política de preços de combustíveis é um "assunto de governo", sem dar mais detalhes. No setor, PRIO ON caiu 0,69% e 3R PETROLEUM ON cedeu 1,61%.