Dólar sobe após três quedas e no aguardo de PIB dos EUA
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar mostrava leve avanço ante o real nesta quinta-feira, depois de três recuos seguidos e à medida que investidores aguardavam a divulgação de dados econômicos dos Estados Unidos, em especial o Produto Interno Bruto (PIB), que devem ajudar a calibrar apostas sobre os próximos passos do banco central norte-americano.
Às 10:10 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,28%, a 5,0949 reais na venda.
Na B3, às 10:10 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,40%, a 5,1000 reais.
O movimento estava em linha com avanço de cerca de 0,25% do dólar ante uma cesta de moedas fortes. Frente aos principais pares emergentes do real, a moeda norte-americana exibia ganhos e perdas discretos.
"Não tem muita novidade, a grande expectativa é com relação ao PIB dos EUA, até porque o mercado está tentando entender o que o banco central vai fazer na próxima semana", disse à Reuters a economista Cristiane Quartaroli, do Ourinvest.
"Como nesses últimos dias o dólar caiu bastante aqui, talvez esta alta esteja relacionada com isso, um ajuste técnico na abertura", acrescentou.
Os dados da primeira estimativa para o PIB norte-americano do quarto trimestre saem às 10h30 (horário de Brasília). O dia ainda tem outros indicadores, incluindo de pedidos de auxílio-desemprego e vendas de novas moradias.
A economia dos EUA provavelmente manteve um forte ritmo de crescimento no quarto trimestre uma vez que os consumidores aumentaram os gastos com bens, mas o impulso parece ter desacelerado consideravelmente no final do ano, com a taxa de juros mais alta corroendo a demanda.
A expectativa no mercado é de crescimento do PIB dos EUA a uma taxa anualizada de 2,6% no quarto trimestre, após acelerar a um ritmo de 3,2% no terceiro trimestre, segundo pesquisa da Reuters com economistas.
O indicador antecede a reunião de política monetária do Federal Reserve na semana que vem, com aposta majoritária no mercado de elevação da taxa de juros em 0,25 ponto percentual, o que marcaria uma nova redução no ritmo de aperto monetário.
Indícios de arrefecimento na inflação e de desaceleração econômica nos EUA vêm dando suporte a previsões de que o banco central norte-americano esteja próximo do fim de seu ciclo de elevação dos juros. E uma taxa menor por lá tende a elevar a atratividade do real pelo diferencial de juros entre os países.
Essa perspectiva de potencial interrupção nas alta de juros nos EUA nos próximos meses, aliada a outros fatores externos como a reabertura da China, deu suporte para a entrada de recursos no Brasil nos últimos dias, segundo agentes financeiros, o que impulsionou a divisa local.
Na véspera, o dólar à vista caiu 1,21%, a 5,0807 reais na venda, menor nível de fechamento desde 4 de novembro do ano passado (5,0524).
"Seguem ingressando recursos no país, 'reforçando' a elevada liquidez dos mercados e o bom diferencial de juros interno e externo", escreveu a equipe da Mirae Asset em comentário a clientes nesta quinta-feira, apontando que o dólar ameaça cair abaixo de 5 reais.
Na cena política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou visita internacional por Argentina e Uruguai e retoma seus trabalhos de Brasília, tendo em sua agenda reuniões ministeriais e com congressistas.
(Por André Romani)