Principal painel econômico do Japão debate possível abandono da política econômica do ex-premiê Abe
Por Tetsushi Kajimoto e Yoshifumi Takemoto
TÓQUIO (Reuters) - O principal painel de política econômica do governo japonês realizou nesta segunda-feira sua primeira rodada de sessões especiais que discutirão a direção de médio a longo prazo das políticas fiscais e monetárias, incluindo o debate de vantagens e desvantagens da política iniciada pelo ex-primeiro ministro Shinzo Abe.
O Japão seguiu uma política reflacionária liderada pelo estímulo monetário sob o comando de Abe, que ajudou a tirar a terceira economia do mundo de 15 anos de deflação.
Os mercados financeiros estão, no entanto, agora mais focados em se e quando o banco central retirará os estímulos monetários, dados os aumentos acentuados da inflação.
"Há uma tendência econômica global de mudança em direção a uma nova política, como visto nos apelos de (a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet) Yellen por uma política econômica moderna, o que marcaria um afastamento da economia convencional do lado da oferta", disse o ministro da Economia, Shigeyuki Goto, a repórteres após as sessões especiais.
Mais sessões ainda serão realizadas para refletir os debates sobre o plano anual de política econômica do governo, previsto para junho.
Goto disse que comparecerá à reunião de Davos nesta semana para reafirmar a posição do Japão de priorizar a recuperação econômica no curto prazo antes de controlar a reforma fiscal de médio a longo prazo.
Oito economistas, incluindo um especialista em tendências de inflação do país, foram convidados para a sessão.
As sessões não pretendem discutir a estratégia de saída do Banco do Japão, nem esboçar novos objetivos para revisar um comunicado escrito em 2013 pelo governo e pelo banco central, disseram autoridades do Escritório do Gabinete.
A sessão desta segunda-feira ocorreu apenas um dia antes de o banco central japonês iniciar sua primeira revisão dos juros de 2023.
Os mercados financeiros apostam que um iene fraco, preços ao consumidor em alta e mais pressão política do governo forçarão o banco central a finalmente abandonar sua política monetária ultrafrouxa ao final do mandato de 10 anos do presidente Haruhiko Kuroda, em abril.
(Reportagem de Tetsushi Kajimoto e Yoshifumi Takemoto; Reportagem adicional de Kantaro Komiya)