Paulo Moura: Desdobramentos das manifestações de 8 de janeiro vão definir caráter do movimento

Publicado em 08/01/2023 19:41 e atualizado em 08/01/2023 20:20
Foto: Agência Brasil

A gigante manifestação que explodiu em Brasília na tarde deste domingo, 8 de janeiro, uma semana exata depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dá sinais importantes sobre este novo momento do Brasil. O desdobramento do movimento, todavia, precisa ser monitorado e analisado para que seja possível saber qual será o impacto real que exercerá sobre o futuro político do Brasil, como explica o cientista político do Canal Dextra, professor Paulo Moura. 

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Moura afirma que será necessário agora observar como o restante dos movimentos patriotas irá reagir a esta manifestação e como será a repercussão geral a partir de agora. O movimento deste 8 de janeiro se tornará uma movimento de massas? De multidões? Esse será um ponto nevrálgico do futuro das ações deste domingo na Capital Federal. 

Fontes ouvidas pelo cientista afirmam que entre 50 mil e 100 mil pessoas participaram das manifestações. No início da noite, alguns manifestantes começaram a ser presos e a Advocacia Geral da União (AGU) já pediu também a prisão do secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, exonerado neste domingo. 

"A tendência é a repressão ficar mais forte, mais violenta, e criar um discurso de justificação que a imprensa já está criando. A única maneira disso não acontecer é multidões virem para as ruas no Brasil inteiro", explica o professor. "A multidão muda a qualidade do fato. Se os manifestantes forem tratados como uma minoria violenta e terrorista e a população comprar isso, a repressão vai se intensificar. Eles já estão prendendo, já estão caçando, e vão criar um discurso para legitimar essa coisa do terrorismo". 

Moura afirma, portanto, que será determinante os novos desdobramentos dos chamados movimentos patriotas a partir deste ponto e quais serão as novas ações, as novas estratégias. O foco, em especial da grande mídia, está agora sob as questões ligadas, principalmente, à depredação das estruturas públicas e os resultados depois das invasões ecoa pelo mundo. 

No entanto, muitos vídeos já circulam pelas redes sociais apontando infiltrados ligados à esquerda nos movimentos, promovendo os estragos. Tudo neste momento, porém, é questionável. 
 

Dessa forma, Paulo Moura mais uma vez reforça que "caso essa manifestação ganhe um caráter de massas, os detentores do poder sentirão seu poder ameaçado. É uma situação próxima de uma revolução, o povo contra o poder". 

O especialista explica também que os líderes à frente das manifestações do que se registrou neste domingo já não são mais os líderes "bolsonaristas", mas os líderes que pedem "um Brasil sem Lula",     líderes dos acampamentos nas frentes dos quarteis. "É uma nova onda, uma onda de um processo de ruptura histórica", explica. 

No final da tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou intervenção federal na tarde deste domingo (8) depois das manifestações ocorridas em Brasília. O decreto vale até o dia 31 de janeiro. O anúncio foi feito direto de Araraquara, onde está o presidente visitando as áreas que foram afetadas pelas fortes chuvas dos últimos dias. 

"Nós achamos que houve falta de segurança e eu quero dizer para vocês que todas as pessoas que fizeram isso serão encontradas e serão punidas", afirmou Lula, que citou ainda "má-fé das pessoas que cuidam da segurança pública no Distrito Federal". 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

S&P 500 e Nasdaq terminam em baixa em negócios voláteis e incerteza sobre megacaps
Após se aproximar de R$5,70, dólar passa por realização de lucros e fecha em queda
Ibovespa tem nova queda e fecha abaixo de 125 mil pontos após ajustes
Juros futuros têm alta firme após IPCA-15 pior que o esperado
Candidato da oposição confia nos militares para garantir respeito aos resultados na Venezuela
Insegurança alimentar no Brasil cai 85% em 2023, segundo relatório da ONU