Cielo lidera altas do Ibovespa em 2023 em ano transformador
As ações da Cielo mais do que dobraram de valor e devem responder pelo melhor desempenho do Ibovespa em 2022, ano marcado por uma transformação na maior empresa de meios de pagamentos no país.
A performance do volume total de pagamentos (TPV), reajuste de preços, maior penetração no segmento de pré-pagamento, agenda de desinvestimentos, controle de custos e receitas expressivas da Cateno - divisão de gestão de cartões - estão entre os fatores por trás do comportamento dos papéis no período.
Até esta segunda-feira, os papéis contabilizam uma valorização de cerca de 136% no ano, negociadas a 5,11 reais, contra um acréscimo de apenas 3,8% do Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro.
Ainda assim, o valor do papel é apenas uma fração da máxima histórica intradia de 22,51 reais, de julho 2015. Em dezembro de 2021, a cotação atingiu a mínima recorde de 1,83 real, no piso de um movimento determinando principalmente pelo aumento da concorrência no setor de meios de pagamentos.
Para analistas do BTG Pactual, há espaço para mais ganhos dos papéis, pelo menos no curto prazo, apesar do cenário mais desafiador para 2023 e da desaceleração na métrica TPV.
Em relatório de 9 dezembro, eles afirmaram estar confortáveis com a projeção de lucro líquido recorrente perto de 2 bilhões de reais no próximo ano e reiteraram o preço-alvo de 7 reais por ação, bem como a recomendação de "compra".
"Com um preço atraente e uma - aparentemente - baixa correlação com o ruído político local, ainda a vemos como uma ótima ação para se ter, pelo menos no curto prazo", escreveu a equipe do BTG.
O preço também foi um dos componentes citados pelo analistas do UBS BB em relatório do dia 11 para elevar a recomendação das ações para "compra" e o preço-alvo de 4,50 para 7 reais.
Eles veem expansão adicional de lucro e margens, que deve ser impulsionada principalmente pelo aumento adicional do yield do cartão, ganhos contínuos de eficiência, maior penetração de produtos de pré-pagamento e juros potencialmente menores.
"Após anos de perdas de market share, a Cielo está mais bem posicionada para manter sua posição de liderança no setor de adquirência, sustentada por sua exposição em grandes contas - com bons níveis de serviço - e também pela recente expansão comercial para o segmento de pequenas e médias empresas."
No terceiro trimestre, a Cielo, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, quase dobrou seu lucro, com forte ganho de receitas, estendendo a recuperação em relação a rivais menores. O lucro do segundo trimestre também superou as projeções.
Em agosto, o ex-Mastercard Estanislau Bassols aceitou a proposta para ser o diretor-presidente da Cielo, após o então presidente Gustavo Sousa deixar a companhia com pouco mais de um ano no cargo.
O cenário prospectivo mais positivo também teve como pano de fundo o acordo com a Meta para captura e processamento de transações por meio do WhatsApp. A Cielo também concluiu a venda de sua unidade dos Estados Unidos, Merchant E-Solutions.
A maré mais positiva para a empresa foi reconhecida pela agência de classificação de risco Fitch, que manteve a nota de crédito da Cielo em 'BB' e elevar a perspectiva para 'estável'.
(Por Paula Arend Laier)