Lula anuncia nova leva de ministros e indica Alckmin para Indústria e Comércio
BRASÍLIA (Reuters) -O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira 16 indicações para os ministérios do novo governo, incluindo o nome do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin para assumir o Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), e disse que completará na próxima semana as nomeações para as 37 pastas de sua administração.
Lula fez questão de garantir que irá "contemplar" aqueles que o ajudaram na campanha eleitoral e ainda não foram citados. Esse é o caso, por exemplo, da ex-candidata à Presidência Simone Tebet (MDB-MS), que teve importante participação durante o segundo turno. Outra cotada para ministério que ainda não foi indicada é a ex-ministra do Meio Ambiente e deputada eleita Marina Silva (Rede-SP).
"É mais difícil montar o governo do que ganhar as eleições. Nós estamos tentando fazer um governo que represente, no máximo que a gente puder, as forças políticas que participaram conosco da campanha. E eu quero dizer para os companheiros que ainda não foram contemplados que nós vamos contemplar as pessoas que nos ajudaram, porque nós somos devedores a essas pessoas que ousaram colocar a cara e enfrentar o fascismo que estava espraiado nesse país", disse Lula a jornalistas.
Ao anunciar a lista de nomes escolhidos nesta quinta-feira, o petista deixou o anúncio de Alckmin para o final, como uma surpresa. Brincou, ainda, que tomou a decisão para "dar trabalho" ao vice.
"O último ministro que eu vou indicar agora vai ser a grande surpresa desta quinta-feira", disse Lula, comentando que de início havia considerado o nome de Josué Gomes, presidente da Fiesp e filho de José Alencar, que foi vice de Lula quando ele ocupou a Presidência entre 2003 e 2010.
Diante da negativa do empresário --por conta de disputa na Fiesp e por ainda não ter concluído processo de sucessão de empresa para os filhos--, Lula passou a repensar o posto.
"Eu fiquei pensando. E resolvi fazer uma mudança no ministério. Resolvi dar trabalho para o meu vice, e o ministro da Indústria e Comércio será o companheiro Geraldo Alckmin", anunciou o presidente eleito.
"Todo santo dia que o Alckmin me encontrava, ele falava: 'presidente, me dê trabalho'. E eu fiquei pensando 'se eu não der trabalho para esse cara, ele vai me dar dor de cabeça'", brincou.
Entre os outros nomes divulgados pelo presidente eleito, Alexandre Padilha vai para as Relações Institucionais; Nísia Trindade para a Saúde; Camilo Santana para a Educação; Esther Dweck para a pasta da Gestão; Márcio França para Portos e Aeroportos; Luciana Santos para a Ciência e Tecnologia; e Wellington Dias para o Desenvolvimento Social.
Pouco antes do anúncio dos ministros, ao comentar o relatório final apresentado pela equipe de transição, Lula alertou que todos os integrantes do primeiro escalão terão de começar "apertando os cintos". Reiterou, ainda, que a prioridade de sua gestão será cuidar do povo mais pobre.
Também antes do anúncio de seu nome para o MDIC, Alckmin, que também atuou após as eleições como coordenador do Gabinete de Transição, afirmou nesta quinta-feira que a gestão atual promoveu um "desmonte" da administração pública, acrescentando que o futuro governo terá um "grande desafio" pela frente.
O vice disse que Lula receberá um país em estado "muito mais triste e difícil" do que quando assumiu a presidência pela primeira vez.
"Infelizmente nós tivemos um retrocesso em muitas áreas, o Governo Federal andou para trás", disse o vice-presidente à imprensa, ao apresentar o relatório final da transição de governo.
(Reportagem de Eduardo Simões, em São Paulo, e Maria Carolina Marcello, em BrasíliaEdição de Pedro Fonseca)