BC da Turquia mantém juros em 9% após quatro meses de cortes
ANCARA (Reuters) - O banco central da Turquia manteve sua taxa de juros em 9% nesta quinta-feira, cumprindo a promessa do mês passado de que terminaria um breve mas acentuado ciclo de flexibilização depois que o presidente Tayyip Erdogan pediu a taxa em um dígito apesar da inflação crescente.
O comitê de política monetária do banco repetiu que a inflação de quase 85% deveria dar lugar a um processo de desinflação. "Considerando os riscos crescentes em relação à demanda global, o Comitê avaliou que a taxa atual é adequada", disse.
O banco central não deu nenhuma indicação sobre por quanto tempo vai manter a taxa. As condições financeiras continuam a apoiar "a sustentabilidade dos ganhos estruturais na oferta e na capacidade de investimento", disse o banco.
Todos os economistas em uma pesquisa da Reuters haviam previsto que o banco deixaria a taxa inalterada. Ela havia sido reduzida em 500 pontos-base em quatro meses, com a autoridade monetária citando uma desaceleração econômica, mesmo quando os bancos centrais em todo o mundo correram na outra direção.
A inflação, entretanto, mostra poucos sinais de abrandamento, ficando em 84,4% em novembro, após ter atingido um pico de 85,5% em outubro. A expectativa é de atinja 65%-70% em dezembro devido a um efeito de base favorável, após queda da moeda no ano passado.
Os preços começaram a subir no outono de 2021, estimulados por um ciclo de flexibilização pouco ortodoxo que foi pedido por Erdogan, mas que provocou uma crise cambial histórica no final do ano passado
Erdogan - um autodeclarado "inimigo" das taxas de juros cujo plano econômico prioriza as exportações, a produção e o emprego - disse na quarta-feira que o banco central havia baixado a taxa de juros para 9% para ajudar os investimentos.
(Reportagem de Ali Kucukgocmen e Ezgi Erkoyun)