Putin diz que situação é extremamente difícil em regiões ucranianas anexadas pela Rússia
Por Tom Balmforth e Oleksandr Kozhukhar
KIEV (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que a situação em quatro áreas da Ucrânia que Moscou declarou unilateralmente como parte da Rússia está se mostrando "extremamente difícil", uma de suas mais claras admissões públicas até agora de que a invasão não está caminhando como planejado.
Ele também pediu um aumento na vigilância em seus comentários para marcar o Dia dos Serviços de Segurança na Rússia nesta terça-feira, um dia depois de uma visita a Belarus, aliada próxima, que alimentou temores, descartados pelo Kremlin, de que o país pudesse ajudar a Rússia a abrir uma nova frente de invasão contra a Ucrânia.
Kiev renovou os pedidos por mais armas após drones russos atingirem alvos de energia em um terceiro ataque aéreo a instalações de energia em seis dias.
Putin ordenou que os Serviços Federais de Segurança (FSB) intensifiquem a vigilância da sociedade russa e das fronteiras do país para combater o "surgimento de novas ameaças" do exterior e traidores em casa. Os países ocidentais impuseram sanções sem precedentes à Rússia e o rublo caiu para uma mínima de sete meses em relação ao dólar na terça-feira, depois que a União Europeia concordou em limitar os preços do gás, uma importante exportação russa.
Em uma rara admissão de que a invasão da Ucrânia não está indo bem, Putin alertou sobre a difícil situação nas regiões da Ucrânia que Moscou anexou em setembro e ordenou que o FSB garanta a "segurança" das pessoas que vivem lá.
"A situação nas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia é extremamente difícil", disse Putin em um vídeo dirigido aos agentes de segurança traduzido pela Reuters.
Em setembro, Putin buscou uma recuperação após uma série de derrotas no campo de batalha, declarando que quatro regiões parcialmente ocupadas no leste e no sul da Ucrânia haviam se juntado à Rússia. Kiev e seus aliados ocidentais disseram que a medida era ilegal.
Em outubro, as forças russas recuaram em uma das regiões - Kherson - e se dirigiram para outro local. Elas não conseguiram ganhar terreno e, no início deste mês, Putin disse que a guerra poderia ser um "processo longo".
Na segunda-feira, Putin fez sua primeira visita a Belarus desde 2019, em que ele e o presidente bielorrusso, Alexandr Lukashenko, exaltaram os laços cada vez mais estreitos em uma entrevista coletiva no final da noite, mas quase não mencionaram a Ucrânia. Nesta terça-feira, agências de notícias russas informaram que Belarus chegou a um acordo com Moscou sobre a reestruturação de sua dívida e acertou um preço fixo para o gás russo por três anos.
Kiev, enquanto isso, busca mais armas do Ocidente após semanas de ataques a instalações de energia que interromperam o fornecimento de energia e água em meio a temperaturas congelantes.
"Armas, projéteis, novas capacidades de defesa... tudo o que nos dará a capacidade de acelerar o fim desta guerra", afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, em um discurso à noite.
Os militares da Ucrânia disseram ter derrubado 30 dos 35 drones "kamikaze" disparados pela Rússia na segunda-feira, principalmente na capital Kiev. A aeronave não tripulada voa em direção ao alvo, depois cai e detona com o impacto.
Autoridades ucranianas afirmaram nesta terça-feira que cinco pessoas foram mortas nas regiões de Donetsk (leste) e Kherson (sul), com oito feridos, e que 21 mísseis derrubaram a energia na cidade de Zaporizhzhia, no sul.