Reuters: Ex-governador do RJ Sérgio Cabral deixa cadeia após 6 anos e vai para prisão domiciliar

Publicado em 20/12/2022 08:03 e atualizado em 20/12/2022 08:44

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral deixou a prisão na noite desta segunda-feira depois de passar 6 anos detido por diversas condenações por crimes como corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro, entre outros.

Cabral foi beneficiado por uma decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que revogou o último mandado de prisão contra ele que ainda estava em vigor, que havia sido expedido no âmbito da operação Lava Jato pelo então juiz e atual senador eleito Sérgio Moro.

O ex-governador foi condenado em mais de 20 processos por diferentes crimes e suas penas somam quase 400 anos de prisão, mas em todos os casos ainda cabe a possibilidade de recurso. Cabral estava preso preventivamente e era o único acusado da Lava Jato que ainda cumpria pena em regime fechado.

"A Justiça não pode ter dois pesos e duas medidas. Todos os presos da Lava Jato foram colocados em liberdade muito antes. A soltura determinada agora não é uma declaração de impunidade nem de inocência, o que se decidiu foi que não tinha mais cabimento de manter uma prisão preventiva de 6 anos. Era uma decisão sem respaldado e necessidade“, disse a jornalistas o advogado de Cabral, Daniel Bialsk, do lado de fora da prisão.

O ex-governador deixou a prisão sob gritos de "ladrão" e "bandido" de alguns presentes, que ainda bateram no carro em que ele estava. Cabral ficará em prisão domiciliar em um apartamento em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Ele não poderá ter contato com outros réus e vai utilizar tornozeleira eletrônica para monitoramento. As restrições são oriundas de outros processos e decisões da Justiça.

Cabral foi governador do Estado por dois mandatos, entre 2007 e 2014, depois de atuar como deputado e senador. Ele era um importante aliado do então presidente e agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e comandou o Estado em grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014, além de ter liderado a campanha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016.

Muitas obras para os grandes eventos teriam sido usadas para desvios de recursos e corrupção, de acordo com denúncias do Ministério Público contra Cabral. Em seu governo foi criada uma chamada "taxa de oxigênio", uma propina de 5% em cada contrato fechado pelo governo do Estado.

Cabral foi acusado de liderar a organização criminosa que contava com participação de empreitara, políticos, empresários e membros dos demais Poderes. Depois de negar inicialmente os crimes, o ex-governador confessou alguns dos atos ilícitos e esquemas no Estado em depoimentos à Justiça.

Desde a prisão, o ex-governador passou por ao menos seis presididos e foi acusado de obter regalias atrás das grades.

“O Brasil decretou o fim da Lava Jato com a saída do Cabral. Não tem como explicar isso“, disse o comerciante Elias Santos de Jesus, que fazia um protesto com faixa e cartaz contra a corrupção na porta do presídio onde Cabral estava preso.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Governo central tem déficit primário de R$38,8 bi em junho, diz Tesouro
Ibovespa tem alta modesta com apoio de Vale; Usiminas desaba
Wall St abre em alta com recuperação de megacaps e dados de inflação no foco
Dólar tem ligeira queda após dados dos EUA e moderação de pressões externas
Concessões de empréstimos no Brasil sobem 2,4% em junho, mostra BC
UE transfere 1,5 bilhão de euros em ativos russos congelados para a Ucrânia