BCE deve desacelerar aumentos de juros e traçar planos para drenar dinheiro
Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) deve elevar as taxas de juros pela quarta vez consecutiva nesta quinta-feira, embora provavelmente adote um incremento menor do que nas duas últimas reuniões, e traçar planos para drenar dinheiro do sistema financeiro enquanto luta contra a inflação descontrolada na zona do euro.
O BCE elevou os juros que paga sobre depósitos bancários de -0,5% para 1,5% em apenas três meses e, assim, reverteu uma década de dinheiro ultrafácil depois de ser pego de surpresa pelo súbito avanço dos preços.
Mas o ritmo de aperto deve desacelerar na reunião desta quinta-feira, já que a inflação mostra sinais de ter atingido o pico e com uma recessão à vista.
Analistas consultados pela Reuters projetam que o BCE aumentará os juros em 0,5 ponto percentual, depois de altas de 0,75 ponto nas duas últimas reuniões, espelhando a mudança adotada pelo Federam Reserve na quarta-feira.
Mas o banco central da zona do euro, assim como o Fed, provavelmente sinalizará novos ajustes para persuadir investidores de que ainda leva a sério o combate à inflação, que agora calcula acima de sua meta de 2% até 2025.
O BCE também deve traçar planos para parar de substituir títulos em sua carteira de 5 trilhões de euros, o que reverteria anos de compras de dívidas que transformaram o banco central no maior credor de muitos governos da zona do euro.
A medida, que enxuga a liquidez do sistema financeiro, busca permitir que os custos de empréstimos de longo prazo subam e segue uma medida semelhante a do Fed adotada neste ano.
O BCE anunciará suas decisões de política monetária às 10:15 (de Brasília) desta quinta-feira, seguidas de uma coletiva de imprensa da presidente Christine Lagarde às 10:45 (de Brasília).
A expectativa é de que Lagarde enfrente questões sobre até que ponto o BCE pretende subir os juros e reduzir seus títulos --e sobre a interação entre ambos.