Ucrânia enfrenta pressão russa no leste, aliados de Kiev prometem US$1 bi em ajuda energética
Por Shannon Stapleton e Vladyslav Smilianets
KOSTIANTYNIVKA, Ucrânia (Reuters) - Rússia e Ucrânia se enfrentavam em combates intensos na região de Donetsk, leste do país, nesta terça-feira, quando os aliados de Kiev se reuniram em Paris e prometeram ajuda urgente de cerca de 1 bilhão de dólares para auxiliar os ucranianos a sobreviver às temperaturas congelantes do inverno.
Forças russas estão lutando para assumirem o controle total das regiões de Donetsk e Luhansk, dois dos quatro territórios que o Kremlin afirma ter anexado em votação que foi classificada pela maioria dos países como ilegal.
Moscou também está atacando a infraestrutura de energia da Ucrânia com ondas de ataques com mísseis e drones, às vezes cortando a eletricidade de milhões de civis durante o conflito mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
"Eles estão bombardeando muito forte, há bombardeios especialmente à noite", disse Valentyna, de 70 anos, à Reuters enquanto fugia da cidade ucraniana de Bakhmut, que Moscou busca capturar, mas que agora está em ruínas por causa do bombardeio incessante.
Valentyna, que se recusou a dar seu sobrenome, falou em uma van dirigindo para a relativa segurança de Pokrovsk, controlada pelos ucranianos.
"A casa tremia e a cada minuto, segundo, que você espera, ela pode desmoronar ao seu redor e pronto. Eu não consegui nem dormir na última semana, então decidi ir embora", acrescentou ela.
Em Paris, cerca de 70 países e instituições prometeram pagamentos de pouco mais de 1 bilhão de euros (1,05 bilhão de dólares) para ajudar a manter água, alimentos, energia, saúde e transporte na Ucrânia, disse a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, havia dito que a Ucrânia precisava de pelo menos 800 milhões de euros. "É muito, mas o preço é menor que o custo do blecaute", disse Zelenskiy por vídeo na reunião.
Ao chegar à reunião, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que havia um acordo sobre a remoção de armas pesadas da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, e que as negociações estavam em andamento para fazer isso.
Denis Pushilin, administrador instalado pela Rússia da parte controlada por Moscou, disse à mídia russa que pouco mais da metade da República Popular de Donetsk foi "libertada". A autoproclamada república é uma entidade dissidente apoiada pela Rússia que luta contra as forças ucranianas desde 2014.
A Reuters não conseguiu verificar o relato de forma independente.
Os violentos combates na região nas últimas semanas não deixaram claro quais partes de Donetsk estão sob controle russo e ucraniano.
Três civis foram mortos na região de Donetsk nas últimas 24 horas, disse o governador regional Pavlo Kyrylenko em seu canal Telegram, enquanto na região sul, em Kherson, o governador regional Yaroslav Yanushevych relatou que três pessoas foram mortas e 15 ficaram feridas em ataques de artilharia russa no dia anterior.
As tropas russas bombardearam a parte da região de Kherson sob controle ucraniano 57 vezes, disse ele.
O bombardeio contínuo da Rússia na linha de frente em Donetsk destruiu completamente a cidade de Bakhmut e danificou fortemente a cidade de Avdiivka, que fica no centro da região, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na sexta-feira.
Belarus, um aliado próximo da Rússia, lançou uma inspeção rápida da prontidão de combate de suas tropas após uma ordem do presidente Alexander Lukashenko, disse o Ministério da Defesa nesta terça-feira.
Foi a mais recente de uma onda de ações militares, incluindo um exercício antiterrorista na semana passada, que tem levantado temores de que a Rússia possa montar um ataque à Ucrânia a partir do território bielorrusso nos próximos meses.
(Reportagem de Nick Starkov e Pavel Polityuk em Kiev e redação da Reuters; Reportagem adicional de Oleksandr Kozhukhar)